8 de março de 2018

Não, obrigada...

Comemorar o Dia Internacional da Mulher??? Não, obrigada! Escusam de me dar os parabéns por ser mulher, o meu aniversário é daqui a 7 dias. Escusam de me oferecer flores, elas vão morrer mesmo. Escusam de dizer que é o meu dia. Os outros 364 dias são de quem??? A igualdade de direitos das mulheres, em muitos campos, ainda é uma bebé por isso não vejo o porquê de comemorar algo, que afinal ainda não existe... Podia falar das atrocidades cometidas a meninas e mulheres por esse mundo fora; podia falar no presidente dos estados unidos; podia falar dos homens que se acham donos das suas mulheres só porque elas usam o seu sobrenome; podia falar na justiça que compactua com estes homens... Sou mulher mas hoje não é o meu dia!
Agradeço às minhas hormonas o facto de ter coisas tão únicas como a TPM ou mau humor sem razão aparente. Agradeço o facto de poder gerar seres dentro de mim e poder amamentá-los até mais não quererem. Agradeço o facto de chorar a ver um filme ou a ouvir uma música. Agradeço o facto de conseguir fazer mais do que três tarefas ao mesmo tempo. Agradeço o facto de ter sensibilidade para perceber no olhar do outro que algo se passa. Agradeço o facto de ser tão distinta dos homens... Sim, sou mulher mas, por favor, não preciso comemorar esse facto!

Vera Gonçalves, 8 de março de 2018.

17 de dezembro de 2017

A minha primeira São Silvestre

Panorama geral:
- mulher
- 40 anos de idade
- pouco ou nenhum treino de preparação
- sonho de correr uma São Silvestre
- vontade de superar medos e inseguranças

Dois objetivos para esta prova em Almada:
- chegar ao fim da prova
- não ser a última



Como tudo começou?
Sou uma pessoa inconstante em muita coisa na minha vida, mas tenho muitos sonhos que só se realizarão se eu lutar por eles.
Há cerca de 4 anos que sonho participar na São Silvestre de Lisboa. Pela data em que é, pelo trajeto, acredito que seja uma corrida lindíssima portanto acabei por me inscrever nestas duas provas.
Entretanto fui  falando com pessoas que tal como eu, com poucos treinos e pouca experiência nas corridas correram na dita prova. Fico motivada apesar de saber que a subida da Avenida da Liberdade seja um grande contratempo... mas a vontade foi ficando e acabei por, num momento de loucura e otimismo desmesurado inscrever-me. Tinha cerca de 2 meses para treinar... mas não o fiz. Ou melhor, treinei pouco, muito pouco.
Ontem ia com as borboletas na barriga, cheia de medo de não aguentar e de não conseguir realizar os meus dois objetivos.
Nunca vou sozinha pois tenho um marido excepcional que não me deixa sozinha nestas minhas loucuras... Lá fomos os dois buscar os dorsais à linha da partida que era em frente aos bombeiros de Cacilhas e começamos a sentir aquela euforia da prova. Camisola Amarela fluorescente, dorsal número 126 e um frio de rachar.

Após encontrarmos dois amigos habituados a provas e ouvir o conselho precioso da Fernanda "Não comecem muito rápido... guardem-se para o resto da prova" lá fizemos um aquecimento e posicionámo-nos na linha de partida.

Olho à volta e vejo pessoas com ar saudável, sorridentes, felizes e ansiosas que se oiça a contagem decrescente.
Preparo o meu telemóvel, fones nos ouvidos -playlist cujo nome escolhido foi "runner girl"; aplicação de corrida que me vai fazendo a contagem dos kms, a média da volta e o tempo previsto para a chegada. Tudo pronto!  Bora lá Vera!
Resumindo um pouco posso dizer-vos que estive para desistir umas 3 vezes e foi logo nos 3 primeiro kms... a subida de Cacilhas para Almada. ufaaaaa... O marido não deixou e motivou-me sempre... "vá... agora é  a subir mas depois é sempre a descer" dizia ele. Eu aceitei e agradeço estas frases, esta força, este amor incondicional...
Devo dizer que  foi nessa subida que me apercebi de umas luzinhas que vinham mesmo atrás de nós... oh não... Já fazíamos parte dos últimos. As motas da  polícia e a  ambulância andaram sempre bem perto de nós. Na minha cabeça ainda me imaginei deitada no chão desmaida e ser logo socorrida, desatar a vomitar e levarem-me na ambulância até à linha de chegada... Afastei com um ligeiro sorriso estas imagens e tentei afastar-me dos últimos atletas. Não queria ser a última e não queria desistir.
Até ao km 5 fui em dificuldade, mais mental que física, mas depois creio que a adrenalina surgiu e comecei a aceitar a ideia de estar focada e manter um ritmo de passada que me permitisse chegar ao fim da corrida!

Superei-me! Acreditei e só já queria chegar à linha de meta. No último quilómetro o marido ainda tentou que eu sprintasse um bocadinho mas eu já estava a dar o meu máximo....
O apoio dos atletas que já regressavam também foi importante... fizeram-me sorrir e mais uma vez, acreditar que era capaz.
Cruzei a linha da meta feliz e orgulhosa! Os dois objetivos alcançados- terminei a prova e não fui a última a chegar...
Fiz os 10km com um tempo de 1h20min. Considero um bom tempo porque foi a primeira vez que corri esta distância e numa prova (com algumas subidas manhosas).
Agora há que treinar para bater este tempo!

Descobri várias coisas com esta experiência:
- afinal não foi tão difícil como pensei;
- mas não foi fácil;
- a mente controla tudo;
- o apoio do marido é importantíssimo;
- a minha playlist tem que ser reformulada;
- a euforia de terminar é uma sensação que quero repetir;
- superei todas as minhas expectativas;
- afinal eu sou capaz!

Portanto agora é só esperar pela São Silvestre de Lisboa no dia 30 de Dezembro
... e fazer uns treininhos pelo meio.

Obrigada a todos que me apoiaram e me felicitaram.
Os amigos que acreditam em nós e que ficam felizes com as nossas vitórias são um grande apoio para continuarmos!

Ps - Não disse nada sobre o assunto alongamentos porque não os fiz como deveria ser... agora, 24h depois sinto algumas dores, mas são "dores boas", não me importo.

I'm a 10k runner! 🔝💪🏃










13 de novembro de 2017

Mais uma mensagem XXIII

Sofia estava esfomeada. Nessa manhã tinha saído de casa sem tomar o pequeno-almoço e quase nem tinha tido tempo para tomar um duche. Tinha acordado atrasada, não ouvira o despertador e pensava que era domingo, o seu único dia de folga. Saltara da cama assim que se apercebera das horas e do dia. Chegou à livraria mesmo à hora de abrir as portas, nem tivera tempo de passar na pastelaria Charme para o cafézinho matinal. Agora que era quase meio-dia preparava-se para ir almoçar com a sua colega Paula ao café perto do seu trabalho. Normalmente ficavam por ali, comiam uma sopa e um rissol ou um folhado misto, bebiam um café e punham a conversa em dia. A Paula era uma miúda gira, muito comunicativa e expressiva. Era um pouco mais velha que Sofia e morava sozinha na zona do Bairro Alto. Era atriz de teatro e aspirava ser conhecida na sétima arte. Para ganhar mais algum dinheiro, fazia animação sócio-cultural em escolas e colégios da zona. Não tinha namorado embora toda a gente insistisse em dizer que já tinha idade para casar. Tinha uma "amiga". Era assim que ela falava da sua companheira. Nem toda a gente entenderia aquele amor entre duas mulheres. Mas Sofia sim. Sofia entendia e apoiava-as no que fosse necessário. Saiam muitas vezes as três, mas ninguém diria que era um casal de lésbicas e uma hetero. Sofia sonhava com o dia em que as mentalidades mudariam.  Estando o mundo em constante evolução Sofia sabia que mais cedo ou mais tarde iria ser normal o amor entre pessoas do mesmo sexo. Gostaria muito que um dia, as suas amigas pudessem beijar-se em público, andar de mãos dadas e quem sabe, casar, sem serem discriminadas e postas de parte pela sociedade retrógrada do nosso país.
Paula sabia que Sofia andava enrolada com um rapaz comprometido. Paula não condenava Sofia e até a instigava a tentar mais do que apenas umas noites com ele. Poderiam vir a ser um casal...
Sofia entrou  no café e viu que a sua amiga Paula já tinha chegado e estava sentada na mesa do costume, junto à janela para se divertirem a observar os transeuntes atarefados que por ali passavam.
- Oi miúda! Estava a ver que nunca mais chegavas. - disse Paula, levantando-se para abraçar  e cumprimentar Sofia.
- Cala-te, hoje é um dia para esquecer!  Acordei tarde e pronto, a partir daí já sabes, foi uma correria para chegar à loja. O trânsito infernal da ponte... buhhhh... Fiquei com trabalho atrasado de ontem, umas encomendas que chegaram ao fim do dia... hoje passei a manhã a tratar do assunto. Ainda nem bebi café!
- Que mal... Mas, olha deixa lá que tenho uma novidade para te contar! Nem vais acreditar... - Os olhos de Paula brilharam e o sorriso aberto deixou antever que algo de muito bom se passava na vida da sua amiga.
- Ui, ui.... conta, conta! Quero saber o que te deixou assim tão feliz!
- Sim, conto já, mas vamos pedir primeiro... O que vamos comer? Uma tosta?- Paula fez sinal ao empregado que se aproximou com um bloquinho de folhas brancas e um pequeno lápis de carvão que já merecia um encontro imediato com um afia-lápis. Pediram tostas mistas, sumo de laranja e enquanto aguardavam, Paula confidenciou o que a havia deixado felicíssima.
- Vou trabalhar para Nova Iorque!!!! I'm going to the big apple!!! Can you believe it? - Anunciou Paula com um sorriso de orelha a orelha!
- What? A sério?? Mas, mas... como? O que vais fazer? Tens lá emprego? - Sofia estava incrédula, mas feliz pela sua amiga.
- Sim! Há uns tempos fiz uns castings para uns gajos americanos. Se queres que te diga, já nem me lembrava... Telefonaram-me há uns dias. Não te vou contar pormenores, "details" mas vou assinar contrato e fico por lá uns meses. Estou tão feliz amiga! O meu sonho está prestes a realizar-se! E a Zé vai comigo, claro!
- Paula!!! Fogooo, estou tão feliz por ti, por vocês... mas só me apetece dizer-te "Também quero ir" - abraçaram-se felizes. A hora de almoço foi passada a conversar sobre o assunto do momento e até marcaram um jantar de despedida para a sexta-feira seguinte. Despediram-se felizes e voltaram aos seus empregos.
Sofia continuou muito atarefada durante o resto do dia. Aproximava-se a altura de Natal e havia novos livros para colocar nas prateleiras, mais clientes a procurar obras para oferecer e Sofia nem deu pelo tempo passar. Eram quase 19horas quando entrou um cliente que Sofia não esperava atender. Filipe acabava de aparecer à sua frente com um livro acabado de tirar, aleatoriamente ou não, da prateleira "The Girl who loved Tom Gordon" de Stephen King.
- Boa noite, menina! - disse Filipe, fingindo um ar sério - Gostaria de saber se me aconselha este livro...
- Boa noite, caro senhor! - Sofia entrou na brincadeira - Devo dizer-lhe que Stephen King é apenas o melhor contador de histórias fantásticas, de sempre. Eu sou suspeita pois adoro todos os seus livros, no entanto devo dizer-lhe que esse não é dos melhores, mas creio que deverá gostar. Presumo que saiba ler inglês... - piscou-lhe o olho e sorriu.
- Presume bem, cara menina! Vou levar o livro. - Filipe entrega o livro a Sofia e os seus olhares mantêm-se presos e Sofia pergunta se ele vai levar mais alguma coisa.
- Sim, posso levá-la  também comigo? - fez o seu melhor ar de "engatatão" e Sofia desatou a rir.
- Hahaha... Vou ver o que posso fazer... mas daqui a meia hora estarei de saída... se quiser esperar... - pisca-lhe o olho enquanto lhe entrega o talão e o saco com o livro. Demora-se um pouco a observar este cliente. Estava tão bonito! Cabelo bem penteado e preso num rabo de cavalo. Roupa escura, um sobretudo quente e um cachecol cinzento claro que parecia abrilhantar o olhar azul e profundo do cliente-surfista, com ar de intelectual australiano. 
- Eu posso esperar, menina, sei que vai valer a pena.
Filipe dirige-se à porta de saída, e antes da sair vira-se para Sofia, dirigindo-lhe um olhar penetrante:
- Boa  noite menina! Obrigada pelo atendimento simpático. Até à próxima!
- Até já... senhor! - Disse Sofia, piscando-lhe o olho e virando-se com rapidez para a cliente seguinte que presenciara o diálogo mas nem prestara atenção nenhuma à conversa dos dois amantes.
Meia hora depois Sofia fechava e trancava a porta da livraria quando sente alguém a encostar-se, por trás. Poderia ser um assalto, poderia ser um ladrão... e no fundo até era mesmo. Filipe preparava-se para lhe roubar o chão, para lhe tirar o fôlego e deixá-la ofegante.
Era o início de uma grande noite, vivida a dois. Tudo o resto seria cenário e adereços de um palco onde só cabem estes dois atores, onde o improviso é mais importante do que os textos bem decorados e os movimentos estudados e onde no final da atuação não se ouvem aplausos... apenas o silêncio dos olhares de cumplicidade e de agradecimento pelo momento vivido!





3 de setembro de 2017

Reis de Branco em Cacilhas

Ontem, 2 de setembro,a Rua Cândido dos Reis, em Cacilhas, pintou- se de branco e nós fomos lá espreitar a Festa dos Reis de Branco!

 




Estava uma noite quente e o vento não soprava, ou seja, a noite convidava a bebidas frescas, gelados e roupa fresca e branca!

Muitas pessoas, de todas as idades, responderam ao convite e vestiram-se de branco juntando-se à festa, que parecia ser um prolongar do verão ou um desejo de perpetuar as noites amenas de férias.

Restaurantes, bares, gelatarias, lojas de artesanato abraçaram a festa, vestindo-se de branco e recebendo com um sorriso os inúmeros clientes.

Nós estivemos na esplanada daCasa da Avó Berta onde fomos muito bem recebidos, como sempre, pelas nossas queridas amigas Andreia e Ana Lima. Este era um dos espaços priveligiados  da Rua Cândido dos Reis, com uma DJ a colocar música animada mesmo em frente, e por onde foram passando algumas personagens vestidas de branco e que faziam a animação de rua.


Na Casa da Avó Berta aproveitamos e bebemos café, acompanhado com uma deliciosa fatia de tarte de amêndoa. Bebi ainda uma fresca limonada com hortelã e os miúdos deliciaram-se com uns gelados de copo.

Enfim, creio que esta festa foi mais uma aposta ganha, numa parceria com a Câmara de Almada e os lojistas da zona, mostrando que Cacilhas é uma zona da margem sul que vale a pena visitar e que em cada visita há sempre algo novo para conhecer.




Venham mais festas como esta, que eu lá estarei!




29 de agosto de 2017

Era só uma foto

Às vezes são as pessoas que menos conhecemos que nos fazem as maiores surpresas!

Aconteceu comigo e foi um gesto simples para ela mas para mim foi um gesto muito bonito que só podia ser praticado por alguém com um grande coração e que não espera algo em troca.

Há uns dias o maridão tirou-me esta foto na Casa da Cerca em Almada.
Imediatamente vi que era uma foto bonita e partilhei-a nas redes sociais. O olhar mais atento de uma amiga fotógrafa percebeu que podia melhorá-la mais um pouco. Pediu-me a foto em questão e permissão para editá-la de forma a ficar ainda mais bonita.

Conheço a Inês, minha conterrânea, de Macedo de Cavaleiros há apenas uns anos e por ter sido aluna da minha tia Elsa. Não temos grande convivência mas a realidade é que sempre gostei muito dela e sempre a admirei... agora fez-me isto, sem pedir nada em troca. Como agradecer???

Aqui fica o resultado da foto que o Paulo me tirou e que a Inês trabalhou de modo a ficar perfeita:
A meu ver ficou excelente! Mais enquadrada, mais quente, mais profissional... enfim, mais bonita ainda! 

Gostava que conhecessem o trabalho da Inês. Apareçam nesta página - Trovisco Photography - vejam as fotos que ela tira, aproveitem e  coloquem um gosto na página... Ela merece e eu agradeço, de coração... a vocês e a ela!

Beijinho Trovisco 😉😘 e obrigada!

26 de agosto de 2017

Férias no Zmar


O Zmar é um parque ecológico e sustentável tentando integrar-se no cenário natural onde se encontra, tendo inúmeras práticas ecológicas que pretendem economizar energia e água, reciclar e aproveitar a energia solar por exemplo. Enfim, só por aqui já se pode perceber porque é um parque atrativo para mim e para muitas mais pessoas que têm boas práticas ambientais.
No entanto, não são estes os maiores atrativos no Zmar.

Estivemos no Zmar pela primeira vez o ano passado em agosto e, na altura, prometemos voltar.
Após o incêndio ocorrido em setembro de 2016, que destruiu parte das principais infraestruturas do parque, ficámos curiosos por saber como teria ficado após a reconstrução. Voltámos e não nos arrependemos. Aliás, chegámos ontem a casa e ainda não me apeteceu tirar a pulseira lilás que usámos ao longo desta estadia de 6 dias...
As pessoas perguntam-me porque gostamos tanto do Zmar e eu até tenho dificuldade em enumerar os vários pontos fortes que nos fizeram querer voltar mas cá vai, juntamente com algumas fotos, tiradas com o meu telemóvel e que, nem de perto , nem de longe espelham a beleza dos locais ou dos momentos vividos.

                            A piscina
Os momentos de diversão nesta piscina enorme são garantidos. Vive-se um ambiente tranquilo e familiar.




Os passeios
Alugámos umas bicicletas e demos umas voltinhas pelo parque, num percurso que é um atrativo também para quem gosta de BTT ou trail. 
Ainda deu para apanhar e comer umas amoras silvestres... deliciosas! 



As diversões 
Não é fácil entreter as crianças dos nossos dias, habituadas a jogos de computador mas garanto-vos que os meus filhos nem sentiram a falta.








O dia- a-dia no Zmar



 


Acho que as fotos vão falando por si... Muito mais ficou por registar em foto, como a simpatia e disponibilidade do staff do Zmar; a animação noturna que é um grande atrativo para miúdos e graúdos; o delicioso buffet do restaurante; o céu estrelado e o silêncio noturno apenas cortado pelos grilos... 

 Pergunto agora aos meus filhos se no próximo ano querem voltar ao Zmar e a resposta é um enorme e gritado Sim!

Se eles estão felizes, eu estou feliz! 

Agora que as baterias estão carregadas de boas energias podemos voltar ao trabalho, e à escola e esperar que as férias de 2018 cheguem depressa para mais aventuras no ZmarEcoExperience!

Obrigada Zmar e até 2018! 




14 de agosto de 2017

Eu sou a minha mãe

Finalmente sento-me no carro e ponho o cinto de segurança. Olho para o relógio que marca 9:53... ótimo. Tínhamos previsto sair antes das 10h. Sorrio e peço a Deus ou ao Universo que a viagem corra bem!
Nas minhas memórias de criança os dias de viagem eram uma alegria... no banco de trás, sem cintos de segurança ou cadeirinhas, a perguntar se faltava muito para chegarmos... Enfim, os dias de viagem eram um grande stress para a minha mãe, isso sim!
Hoje eu sou a minha mãe!
Tratar de toda a logística para umas férias no Alentejo, roupa de 4 pessoas, produtos de higiene, comida e bebida... "Ups, lembrem-me de comprar ovos no caminho..."
Pôr toda a gente a tomar banho, lavar os dentes, vestir e tratar do cabelo. "Puseste desodorizante filho?"
Providenciar os pequenos-almoços e deixar a cozinha arrumada "Maridinho, tratas tu da loiça?"
Lembrar os miúdos que devem levar livros e jogos, que não vamos ter Wi-Fi... "Não se esqueçam dos bonés"
Ver que está tudo arrumado, que só faltam os casacos  e levar o lixo. Ups, ainda não acabei de me arranjar.... É sempre a mesma coisa, mãe que é mãe acaba de se arranjar depois de estarem todos prontos e de mochilas às costas... "Vão descendo que eu já lá vou ter! "
Ohhhh... stress!!!! Vamos lá pôr o rímel sem borrar, passar o batom num ápice, calçar as sandálias e pronto... vamos lá de viagem.
Última vista de olhos à casa. Tudo desligado? Tudo mais ou menos arrumado? Sim... vamos lá!
Saco do lixo numa mão, nécessaire na outra, malinha a tiracolo... Fecha-se a porta e tranca-se. Ufaaa! E desta vez nem houve grandes discussões familiares  sobre o espaço do porta-bagagens: coube tudo!
A minha mãe passava por isto tudo, mais ou menos e quando se sentava no carro, lá nos desejava boa viagem e parecia menos stressada e pronta para aproveitar umas belas férias em família. Só voltava a stressar quando se apercebia que se tinha esquecido de algo importante  em casa, normalmente, a 50 ou 60km de distância. Obviamente que o meu pai não ia voltar para trás, restava-lhe atirar com um "És sempre a mesma cabecinha de alho-chocho!!" 
Estamos a entrar na A2 quando me apercebo que deixei os casacos todos, penduradinhos no mesmo cabide, na porta da casa-de-banho....
Deixo escapar em voz bem alta no carro "Ahhh, esqueci-me dos casacos" e a malta já não quer voltar atrás. "Mãe, no Alentejo está sempre calor" -  diz a miúda seguindo-se com um "Ainda falta muito para chegarmos?"
Hoje eu sou a minha mãe!

Boas férias!
Vera