13 de maio de 2017

Rumo ao 36

Cá em casa somos todos Benfiquistas... até a MEL!

Carrega Benfica... Rumo ao 36º

10 de maio de 2017

Mais uma mensagem XXI

Sofia estacionou o carro mas não o desligou logo de modo a poder ouvir até ao fim a mais recente música "Man on the moon" dos norte-americanos REM. Ouvia com atenção a letra enquanto observava  a rua onde se encontrava. Vazia, não se via ninguém por ali. Um nervoso miudinho fê-la estremecer por dentro. Estava uma noite muito escura e estava um frio de rachar.
Acabou de ouvir a música, inspirou fundo e pensou que tinha chegado o momento. O momento de esclarecer tudo com Filipe, com o surfista loiro de olhos azuis que faz o seu coração bater mais forte desde o verão passado. Enquanto subia a rua deserta que a levaria ao encontro marcado, apertou até acima o seu blusão de penas, tremeu de frio e reviu na sua mente o que tinha planeado dizer. Sentia-se nervosa e ansiosa... como uma atriz que se prepara para subir ao palco e estrear uma nova peça. Era a atriz principal e no momento estava com medo de ter uma branca. Tinha tantas perguntas para lhe fazer... mas temia que ao contracenar com o outro protagonista ir-se-ía esquecer de tudo.
Num instantinho chegou ao miradouro que estava praticamente deserto... Olhou para o seu relogio de pulso, 21h35, estava 5 minutos atrasada mas não se preocupava pois andou a adiar este encontro por quase 3 meses.
Percorreu o local com os olhos pouco habituados ainda à luminosidade que se fazia sentir e vislumbrou um grupo de 4 jovens rapazes que, sentados no muro do miradouro, conversam, riam e fumavam uns cigarros duvidosos. Viu também, sentado num dos bancos de madeira da praça, um idoso, provavelmente, sem-abrigo, acompanhado pelo seu cão, por sinal também com bastante idade. Sentiu compaixão pelos dois. Estava frio e ambos mereciam um sitio mais aconchegante e quente para passarem a noite.
Finalmente viu o surfista, sentado no muro do miradouro com as pernas para fora, virado para o precipício e de costas para ela. Tinha o cabelo solto que voava revolto ao sabor do vento frio e agreste que soprava. Suspirou, encheu o peito de ar frio e sussurrou:"Vai-te a ele Sofia"  enquanto dava o primeiro passo da curta caminhada até ele.
- Boa noite! - a voz saiu-lhe rouca e sumida e teve até receio que fosse inaudível. Mas o surfista ouviu e virou-se com rapidez assim que escutou aquela voz doce e sensual...
Com um grande sorriso nos lábios mas olhar inquisidor e reticente respondeu:
- Olá Sofia, como estás? - saltou do muro e ficou de pé em frente a ela com uma tremenda vontade de a abraçar, de a elevar nos braços e de beijar os seus lábios. Conteve-se, mas desejou que aquele encontro permitisse que tal voltasse a acontecer.
Sofia cumprimentou-o, friamente, com dois beijos na face e as suas pernas tremeram e fraquejaram... Era impossível deixar a cabeça mandar, por mais planos racionais e inteligentes que fizesse, por mais séria e adulta que tentasse ser continuava a sentir-se uma adolescente parva que não sabe reprimir e controlar os sentimentos.
Ambos sorriram e durantes uns breves segundos os seus olhares ficaram presos um no outro. O momento foi interrompido pela voz de Filipe:
- Já jantaste Sofia? Podemos ir até ao meu restaurante, comemos qualquer coisa e conversamos. - propôs o surfista.
- Pode ser... ainda não comi nada e gostava de conhecer o teu restaurante. -respondeu Sofia hipnotizada pelo olhar profundo do surfista.
- Então vamos lá! - Filipe estendeu a mão a Sofia de modo a que ela lhe desse a sua mas assim que viu o olhar reprovador da rapariga baixou a mão e riu-se baixinho.
No restaurante, jantaram calmamente e conversaram. Sofia disse-lhe que tinha ficado desiludida com o facto de depois de terem uma noite magnífica de sexo, ele a ter abandonado sem grandes explicações. Acabou por se sentir usada e abandonada. Sabia que ele tinha uma namorada mas achava que merecia uma conversa antes de ele desaparecer.
Filipe sentiu-se terrivelmente mal... acabou por explicar que tinha gostado tanto daquela noite que desde então não pensava noutra coisa. Foi-se embora com receio de se apaixonar por Sofia... Filipe sabia que ela não queria relacionamentos sérios e  preferiu não prolongar algo que não teria futuro.
- Bem, parece que nenhum nós sabe o que o outro quer... ou melhor, nenhum de nós sabe o que quer! - disse Sofia saboreando um gole de vinho tinto.
- Eu sei que te quero Sofia! Sei que todos os dias desde essa noite de verão penso em ti e que me apetece ter-te de novo nos meus braços... - sorriu e esticando o seu braço roçou os seus dedos, ao de leve, na face de Sofia que o olhava embevecida ao ouvir tais palavras.
Fechou os olhos e apreciou o toque carinhoso do surfista. Num repente, sentiu os lábios quentes e macios de Filipe a beijarem os seus. Um beijo intenso, profundo e arrebatador que não durou mais que 3 ou 4 segundos mas que chegou para paralisar a respiração e os batimentos cardíacos dos dois.
- Filipe... és louco! - olhou em volta de modo a perceber se o momento ousado e proibido tinha sido visto por um dos empregados ou pelo casal que jantava na mesa do outro lado do pequeno restaurante. Mas ninguém viu.
- Calma - sorriu Filipe e os seus olhos azuis brilharam de paixão. - Tinha tantas  saudades tuas! Fica cá está noite... comigo!
Sofia nem queria acreditar no que ele lhe estava a propor... Era tão errado, mas tão incrivelmente tentador... Sofia não controlava os seus pensamentos que voaram até à praia da Riviera onde, há apenas 3 meses se entregara a Filipe. A hipótese de voltar a estar com ele, de voltar a senti-lo em si deixou Sofia com a estranha sensação, no baixo ventre, que mostrava claramente o que o seu corpo queria que respondesse.
- Filipe... vou ser muito sincera contigo. Eu vinha preparada para pôr um ponto final neste assunto. Cada qual devia seguir a sua vida e fazer os possíveis para esquecermos tudo o que se passou. - Filipe olhava-a com atenção, mas com um sorriso provocador, antecipando como iria terminar aquele monólogo. - Eu vinha preparada para tudo isso, mas tu tens o dom de me deixar a tremer por dentro... - sorriu e desviou o olhar envergonhada.
- Hum... estou a gostar desta parte... deixo-te a tremer?! - levantou-se rapidamente, piscou-lhe o olho e afastou-se em direção à cozinha do restaurante.
Sofia riu-se e aguardou o seu regresso. Terminava o vinho que ainda tinha no copo quando Filipe regressou com duas taças de mousse de chocolate.
- Espero que gostes de mousse caseira! E espero que não leves a mal esta minha pressa.. é que eu agora só te quero tirar daqui!
- Filipe... tu és mesmo doido!
Sofia sabia que nada do que tinha planeado estava  a acontecer, no entanto, percebeu que naquele momento intenso estavam ambos tão felizes, que nada haveria a fazer. Ia ter de passar a noite por ali... No dia seguinte logo voltaria ao plano A, ou não...

8 de maio de 2017

Dia da Mãe... é só mimos

Nunca liguei muito aos "dias de qualquer coisa" e o dia da mãe está incluído. Assim, este dia da mãe fomos apenas dar uma voltinha à Fonte da Telha para beber um café e para os miúdos darem uns toques na bola.

Na esplanada, preparava-me para tirar umas selfies com o miúdo adolescente quando ele me diz:

- Estás cheia de cabelos brancos, mãe!

O meu olhar de reprovação faz com que ele e o pai desatassem a rir. Mas não ficou por aqui no que aos mimos diz respeito:

- Olha... e também tens bigode! -apontando para o meu buço que aguarda uma sessão de depilação definitiva na minha esteticista.

Risota dos dois marmanjos, sabendo que eu nem levo a mal estas brincadeiras.
Chega a miúda que tinha estado no areal a dar uns toques e peço-lhe ajuda.

- Lara, querida, ajuda-me... Diz-me coisas bonitas - peço-lhe com cara tristonha, ao que ela responde com cara de anjo:

- Lara!!!

Tenho uma família de cómicos e ninguém me tinha avisado!