27 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem XV

Sofia chegou ao parque da Paz num instantinho, pois havia pouco trânsito, no entanto, foi difícil arranjar um lugar para estacionar o seu carro. O parque estava cheio de gente: famílias inteiras que aproveitavam o bom tempo para dar uma corridinha, andar de bicicleta ou simplesmente passear; grupos de jovens que jogavam à bola e ainda casais de namorados que deitados no relvado faziam juras de amor eterno e trocavam beijos apaixonados.
Sofia colocou os seus óculos de sol na cabeça, a servir de bandolete, apertou o fecho do seu casaco desportivo de penas até acima e ajeitou o cachecol de maneira a proteger o pescoço do frio que se fazia sentir. Era difícil sentir-se sensual ou atraente com toda aquela roupa e recordou com um brilho especial no olhar, o dia de verão em que conhecera Filipe. Ficou alerta procurando o surfista loiro de olhos azuis e duas crianças, que nem sabia como eram... seriam dois rapazes, um casalinho? Foi andando e apreciando o  calor do Sol daquele dia de inverno e dirigiu-se até ao grande lago que se encontra no meio do parque.
Ao longe pareceu-lhe ver uma silhueta familiar, mas apesar de se terem passado dez anos Sofia reconheceu-o. As diferenças centravam-se no cabelo... era agora bem curtinho. Filipe jogava à bola com duas crianças pequenas, não teriam mais de dez anos. Um menino e uma menina... os filhos dele!
Ficou emocionada e parou a observá-los ao longe. Como era possível que a vida tivesse dado tantas voltas e os filhos dele não fossem também dela? A culpa era em parte dela, mas sabia que o Filipe nunca tinha tomado a atitude que levaria a que pudessem sonhar num futuro a dois. Sofia tinha sido sempre a sua amante e nunca mais do que isso. E a relação acabara mesmo por isso... por Filipe nunca ter deixado a sua namorada surfista.
Resolveu ir ter com eles mas nem sabia como se dirigir a ele... Um simples "olá, tudo bem" um beijo ou um abraço carinhoso... E a esposa? Haveria uma mulher? Quem seria a mãe dos meninos?  Possivelmente seria a nazarena, mas por alguma razão não se encontrava com eles.
Filipe estava com a bola de futebol nas mãos quando a viu... Os seus olhares fixaram-se e logo as pernas de Sofia fraquejaram, o coração acelerou e as borboletas, lá no estômago, bateram as asas a um compasso digno de uma banda sonora de um qualquer filme romântico. Sofia queria parecer calma e serena mas os seus lábios secaram ao ponto de ter de passar a língua para os humedecer...
Ambos sorriram e, apesar de não saberem, o pensamento silencioso que lhes passou na mente foi o mesmo e gritava:"amo-a"... "amo-o"...
Filipe deixa cair a bola e, observado de perto pelos dois filhos dirige-se em passo apressado até Sofia:
- Sofia... minha querida... - ao proferir estas palavras aproxima-se e abraça-a. Um abraço apertado que matava as saudades sentidas por ambas as partes. Um abraço que esteve tantos anos à espera de ser libertado. Um abraço que fazia esquecer todo o tempo que estiveram separados.
Sofia deixa-se levar pelo abraço, retribuindo o calor e a paixão que sentiu... Peito com peito, braços e mãos nas costas um do outro... Filipe enterra a sua face no cabelo de Sofia inspirando o seu cheiro, querendo guardar aquele momento para sempre, querendo que de repente estivessem sozinhos no mundo, querendo que o tempo parasse para poder deliciar-se, lambuzar-se e voltarem a ser um só.
Sofia, de cara encostada ao peito do surfista ouve o seu coração apressado que parece querer fazer uma batalha com as suas borboletas, sente o corpo que tão bem conhecera e que parece nunca ter deixado de conhecer e suspira profundamente, sussurando, mas querendo gritar, "ohhh Filipe..."
- Quem é essa senhora pai? - chamados à realidade pelo filho mais novo de Filipe, afastam-se sorrindo e com os olhos brilhantes Filipe responde ao filho:
- Esta é a Sofia. Foi por esta senhora que o pai quis voltar a Lisboa. Já vos falei dela... lembras-te Miguel?- perguntou carinhosamente ao rapazinho enquanto lhe ajeitava o gorro na cabeça que teimava em sair.
- Olá Sofia... - disse a menina loirinha, aproximando-se dela de bracitos abertos pedindo um abraço...- Eu sou a Madalena e o papá disse que tu eras muito bonita e és mesmo!
Sofia sem saber o que pensar ou dizer, baixou-se e abraçou a Madalena agradecendo e dizendo-lhe que também ela era linda.
O momento estava pejado de emoção, de sentimentos puros mas Sofia tinha tantas questões... e a mãe? E porque tinha ele contado aos filhos sobre ela? E porque é que ela se sentia mais apaixonada que nunca?
- Olá Miguel! Posso dar-te um abracinho? - perguntou Sofia ao miúdo que logo acenou que sim com a cabeça. Durante o abraço Sofia olhou para Filipe e nem quis acreditar... O surfista durão de olhos azuis chorava ao ver aquela demonstração de carinho dos filhos para com Sofia.
- Ai Filipe... temos tanto para falar... Preciso perceber o que se passa aqui... - disse Sofia olhando para Filipe com um brilho  nos olhos, enquanto estendia as suas mãos aos dois pequenitos que rapidamente e com dois sorrisos, lindos e iguais ao do pai , se apressaram a agarrá-las, um de cada lado.
- Sim minha querida- disse Filipe enxugando as lágrimas e colocando um sorriso na cara - precisamos falar!

23 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem XIV

O som insistente do toque do telemóvel despertou Sofia. Era o despertador que estava programada para tocar às 7horas da manhã, todos os dias... Sofia adormecera no sofá e esquecera-se de o desligar... não precisava acordar tão cedo ao sábado...
"Bolas... o Filipe... a Rita... adormeci." Sofia senta-se apressadamente no sofá e um esgar de dor percorre a sua face, pois uma noite no sofá dava-lhe cabo das costas. Endireitou ligeiramente as costas e massajou suavemente o pescoço tentando minimizar o mal-estar. Possivelmente a dor passaria após um bom banho e alguns alongamentos... Mas antes tinha de saber da sua irmã. Será que tinha chegado bem a casa? Sobre o que teriam conversado durante o jantar? Como seriam os filhos dele?
Tantas perguntas fervilhavam na sua mente... Tal como ao longo dos tempos que esteve com Filipe. Havia sempre dúvidas, anseios, bloqueios, becos sem  saída.
Sentia-se um pouco perdida sem saber o que fazer... mas sentia uma enorme vontade de falar com Filipe. Lembrou-se do que sentia quando estava com ele. Ele sabia fazê-la feliz! Sofia fechou os olhos e sentiu o coração a acelerar ao visualizar o surfista deitado ao seu lado após uma maravilhosa noite de sexo. Era onde melhor se entendiam, na cama...
"Sofia, esse tempo já lá vai... nem penses em voltar a cair na teia desse gajo..." - pensou enquanto se levantava e dirigia à cozinha à procura do Kiko.
- Bichano, onde estás Kiko?
Kiko surge logo por trás da dona, vindo do quarto onde dormira a noite toda. Com o seu ar altivo escapa-se sorrateiramente a uma carícia da dona e dirige-se ao pratinho da comida que estava vazio.
- Ohhh, a dona é má... vamos lá abrir uma latinha "pro" Kiko. - diz Sofia baixando-se e fazendo umas festinhas no dorso do seu amigo.
Depois do pequeno-almoço e de um bom banho Sofia sentia-se enérgica e pronta para enfrentar Filipe. Aliás, sentia uma certa ansiedade em voltar a vê-lo. Já há mais de dez anos que não se viam e estava curiosa por saber se aquele homem ainda a faria vibrar como antes, se ainda a faria ficar com as pernas a tremer e sem fôlego como acontecia sempre que se beijavam ou sempre que recebia uma mensagem dele com apenas uma palavra "Quero-te".
Dez da manhã foi quando ganhou coragem para lhe mandar uma mensagem: "Olá! Podemos encontrar-nos? Gostava de conhecer a tua família! Beijos. Sofia".
Agora só lhe restava esperar pela resposta mas Sofia sentia-se nervosa com este possível encontro. Iria conhecer a mulher e os filhos... Iria rever o único homem com quem queria ter continuado a partilhar uma cama. Com quem partilhara o seu corpo, a sua mente, as suas fantasias, as suas loucuras... O que iria sentir quando estivesse de novo ao pé dele?
"Nunca mais responde..." - pensou ansiosa.
Entretanto mandou também uma mensagem à sua irmã "Espero que tenha corrido bem o jantar. Chegaste muito tarde a casa? Beijinhos" e assim,  ficou à espera de duas mensagens. Ligou a televisão mas não prestou atenção ao que estava no écran, pois não conseguia desligar-se do écran do telemóvel.
Cerca de 2 minutos depois Filipe respondeu "Olá Sofia! Nem sabes como fiquei feliz com a tua mensagem. Estou no parque da Paz com os miúdos... vem cá ter! Podes?"
Sofia voltou a sentir as borboletas que há uns anos pareciam ter emigrado do seu estômago... Parque da Paz... foram muito felizes nesse local. E enquanto a sua mente vagueava por esse parque magnífico da cidade de Almada mas numa outra data, o telemóvel vibrou com outra mensagem do surfista: "Quero-te..."
Ao ler esta última mensagem Sofia quase que levantou voo graças às borboletas que ficaram doidas... e no seu baixo-ventre voltou a sentir a excitação que sentia de cada vez que ia ao encontro daquele loiro de olhos azuis...

22 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem XIII


Passava pouco das duas da tarde quando Sofia e Filipe saíram do estacionamento perto do centro comercial M Bica e rumaram até suas casas. Acenaram um último adeus com sorrisos rasgados de felicidade e excitação... já não eram uns adolescentes, mas pareciam!
Sofia seguia rumo a Corroios onde vivia com os pais e com a Ritinha e fazia uma lista mental sobre o que ainda tinha de preparar para levar para a praia. Queria levar um livro qualquer.... para não estar sempre a olhar para o surfista que lá ía estar, a provocá-la com aqueles abdominais, com aquele sorriso ladeado pelos lábios mais bonitos que Sofia já tinha visto! Estava a ficar muito calor ou seria apenas a adrenalina a correr nas suas veias?
Na rádio tocava MrJones dos Counting Crows e Sofia aumentou o volume até fazer estremecer a manete das mudanças. Parada num sinal vermelho encetou uma dança possível para quem está sentada ao volante dum carro. Olhou pelo retrovisor e não quis acreditar... a carrinha pão de forma estava mesmo atrás de si... "mas então o gajo não ía para casa"? - questionou-se Sofia olhando para trás para o loiro sorridente que a seguia. Assustou-se com o som estridente da buzina da carrinha ... Filipe avisava-a que o semáforo tinha passado a verde.
Sofia levantou o braço direito e esticou-lhe o dedo do meio sorrindo e lá arrancou. Durante todo o trajeto até casa foi "seguida" por ele e logo se apercebeu da sua intenção... e se não era a sua intenção, então seria a dela. Sentia-se estranhamente pronta para estar com ele a sós onde pudessem transformar as fantasias em realidade.
Sofia estacionou em fente da pastelaria Charme e Filipe conseguiu lugar do outro lado da estrada. Apearam-se quase em simultâneo e Sofia, olhando para o surfista, colocou o dedo indicador à frente dos lábios, pedindo precaução. Ele acenou demonstrando que percebera... Não iam dar nas vistas.
Seguida de perto mas com uma distância controlada encaminharam-se rapidamente para a porta do prédio. Sofia desastradamente deixa cair as chaves quando tentava abrir a porta. Baixou-se para as apanhar e percebeu o olhar curioso e descarado do surfista para as suas torneadas e morenas pernas. Sorriu envergonhada, mas divertida, enquanto abria a porta do prédio. O hall de entrada todo revestido a azulejo mantinha uma temperatura fresca e bem mais agradável do que a que se sentia lá fora, no entanto, aqueles dois corpos que estavam a segundos de se tocarem... ardiam de excitação.
Seguiram até ao elevador em silêncio, porém, quase que se ouvia o bater acelerado dos dois corações inquietos e sedentos. Filipe apressou-se a carregar no botão de chamada do elevador ficando depois de costas para o mesmo e de frente para Sofia. Pegou-lhe no braço com determinação e puxou-a bruscamente de encontro a si... "Deixas-me doido" sussurrou-lhe ao ouvido, deixando Sofia arrepiada e com a respiração ainda mais ofegante. Agarrando-a pelas costas apertou-a ainda mais contra si e beijou-lhe a curva do pescoço... Sofia sentia a barba de dois dias arranhar-lhe o pescoço e sabia tão bem... Fechou os olhos e apreciou a sensação que percorreu o seu corpo e a fez estremecer por dentro.
Ouve-se o ruído do elevador a chegar e os dois corpos ansiosos pelo doce prazer da carne afastam-se contrariados. Queriam ser só um corpo. Queriam ser o encaixe perfeito e nada mais interessava naquele momento. Entraram no elevador de mão dada e já não sorriam... as suas faces, ruborizadas pelo sangue que corria nas veias a uma velocidade vertiginosa, demonstravam sede e fome um do outro. Os seus olhares tornaram-se selvagens e quase irracionais. Ali já ninguém era racional... o instinto animal ditava as regras.
Botão de quinto andar carregado, portas fechadas e dá-se o beijo de tirar o fôlego a qualquer um deles. Filipe, descontrolado, deixa que, finalmente, as suas mãos agarrem nas mamas de Sofia  apertando-as suavemente... fazendo soltar na sua parceira, um gemido de prazer por entre o beijo molhado, sedutor e carnal. Sofia passava as suas mãos pelas costas enormes do surfista e nem conseguia pensar direito... apenas sentia e queria continuar a senti-lo.
Elevador parado, porta aberta e de novo têm de se afastar um do outro.
- Anda... não pensemos se está certo ou errado - diz Sofia ao surfista enquanto se dirigem rapidamente à porta de sua casa.
- Eu não tenho dúvidas nenhumas... - disse Filipe dirigindo um olhar doce à sua nova conquista - quero ter-te nos meus braços... já! - disse passando suavemente a mão pelos longos cabelos de Sofia e mordiscando o lábio, antecipando na sua mente tudo o que queria fazer com aquela morena sensual.
Sofia rodou a chave para abrir a porta e estranhou que a mesma estivesse destrancada... Abriu-a devagarinho com o coração sobressaltado e viu a sua irmã a sair da casa de banho... "merda"...
- Sofiaaaa, namorado novo??? - quase gritou Rita com um grande sorriso olhando curiosa, ora para a irmã ora para o surfista, que parecia assustado com o que se estava a passar...
"Que bela maneira de conhecer a cunhadinha... dassss" pensou o surfista enquanto toda a sua excitação descia vertiginosamente, aguardando por uma nova oportunidade...

19 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem XII


O ambiente ficou carregado com energias muito negativas e a excitação que sentia há pouco tempo dava lugar a um sentimento de vazio e de desilusão. Sofia percebeu que Filipe mostrava agora muito bem aquilo que a amiga Carlota tinha dito sobre ele, era um homem que conquistava corações e depois destruía-os com muita facilidade. Estava a tentar fazer o mesmo com ela... mas ela não deixaria. Não pretendia dar o seu coração tão cedo.
- Filipe, porque foi então aquele intenso e sentido beijo? Não pensaste na tua namorada na altura ou só me beijaste porque achavas que eu não sabia de nada? Queres responder? - perguntou Sofia determinada a esclarecer o assunto.
- Olha Sofia, nem te sei explicar, mas devo dizer-te que amo a Patrícia e já temos tantos planos para o nosso futuro... Só que tu - voltou a olhar nos olhos de Sofia - só que tu tiraste-me o tapete. Tens algo em ti que me deixa com o coração a palpitar mais forte, não sei... és deslumbrante e tão sensual. - esboçou um sorriso sacana e carregado de uma sensualidade que não deixava Sofia indiferente.
- Não percebo Filipe... se calhar tens razão e ficávamos por aqui. Acabamos de almoçar e cada um segue a sua vida - disse Sofia com tristeza e pouco segura do que estava a dizer.
Entretanto são servidos pelo empregado que percebeu que o ambiente estava ligeiramente diferente entre os protagonistas da conversa.
- Bom apetite - disse Filipe piscando o olho a Sofia e voltando a sorrir.
Sofia nem sabia o que pensar... Ele só a queria como uma aventura, mas ela também não queria nenhuma relação sólida. Não queria manter compromissos sérios e ele continuava a provocar-lhe um formigueiro no estômago. Observou-o a cortar a pizza e a servi-la, a verter a sangria do jarro para os copos, a levar o copo à boca e ..., aquela boca que ainda há pouco tinha provado e aprovado, pelo sabor, pelo odor e pela mestria com que conduziu o beijo. Teve de voltar à realidade e acalmar a sua mente perversa e disponível e fingir que estava zangada, chateada, aborrecida... Começou a comer em silêncio e o mesmo só era interrompido pelos comentários abonatórios que Filipe ia fazendo à pizza. Estava a gostar!
Na mente de Sofia choviam ideias sobre como contornar a situação... Ela não iria admitir perante Filipe que não se importava nada com o facto de ele ter uma namorada, mas por outro lado não iria gostar de se sentir a outra, a amante, a segunda escolha... Ahhhhh...apetecia-lhe gritar. O que fazer? Continuavam a trocar olhares e sorrisos. Mas Sofia só pensava "Caraças, não foi isto que a minha mãe me ensinou... eu devia saltar fora já!"
- Filipe?? - disse Sofia num tom de voz quase inaudível - Eu não me importo... - Olhou-lhe no profundo azul dos olhos que pareciam não ter percebido onde ela queria chegar com aquela insinuação.
- Não te importas?? Não te importas com??? - Filipe, de faca e garfo nas mãos, olhar inquiridor e atónito, boca semi-aberta demonstrando espanto.
- Nada, nada... queria só dizer que... sei lá, para não ficares a pensar que estou chateada. - Sofia queria ter dito que não se importava de estar nos braços dele de vez em quando, Sofia queria ter dito que não se importava de ser a outra, mas não teve coragem.

Terminaram a refeição e voltaram para os carros. Combinaram que iam esquecer o que havia acontecido e deixar as coisas correrem ao sabor da maré. Nesse mesmo dia iriam à praia como estava combinado com a prima e o resto dos amigos e iriam tentar evitar-se... Sofia achou difícil mas prometeu cumprir.

Sofia entrou no carro do seu pai, fechou a porta e abriu o vidro. Filipe observava-a, através da lente escura dos óculos de sol, e adorava todos os seus gestos, deliciava-se com o ondular das madeixas de cabelo que tocavam os seios de Sofia que ele tanto ansiava tocar, sentir, apertar...
Sofia acabava de colocar o cinto de segurança quando foi surpreendida com um beijo de Filipe. Um simples beijo, seco, rápido, leve... mas carregado de significado... para ambos!
- És doido, és mesmo doido - disse-lhe ela, rindo às gargalhadas e pondo o carro a trabalhar. Sofia tinha agora a certeza absoluta que aquele surfista loiro de olhos azuis estava na "mesma onda" que ela...
- Tu é que me pões doido Sofia! Até logo - rematou ele a correr para a sua carrinha pão de forma, com uma ideia em mente...


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14 de dezembro de 2016

12 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem XI

O beijo foi tão inesperado que Sofia nem teve tempo de pensar ou de reagir... e manteve-se quieta durante os longos segundos que durou o beijo e apenas sentiu... Sentiu o cheiro quente e sensual do surfista, sentiu as suas mãos fortes e grandes a tocarem-lhe firmemente nas suas costas na curva da cintura, sentiu o sabor quente e molhado dos lábios e da língua que ardentemente procurava a sua. Um beijo quente, sensual e arrebatador que Sofia não queria que acabasse nunca...
Filipe entretanto coloca a mão direita na nuca de Sofia, os dedos penetrando os largos e suaves caracóis controlando ainda  mais o momento e desarmando a morena que tanto o provocava e excitava.
Terminado o beijo... testas encostadas, respiração ofegante e de repente Filipe afasta-se:
- Desculpa Sofia.... eu não tinha planeado nada disto. Espero que não me tenhas levado a mal... não me controlei! - Disse ajeitando o seu cabelo rebelde, demostrando algum nervosismo.
Sofia ainda tinha as pernas a tremer, encostada à carrinha, boca semi-aberta e respiração descontrolada queria dizer algo mas limitou-se a, instintivamente, passar a língua pelos lábios, como que a tentar prolongar o sabor do surfista, a tentar guardar na memória aquele momento.
- Vamos almoçar? - Foi o que conseguiu dizer sorrindo e ajeitando também ela o seu longo cabelo, atirando-o para trás das costas. Filipe sorriu também, e gravou na memória aquele gesto sensual que Sofia acabara de fazer com o cabelo.
Trancou a carrinha, guardou a chave no bolso das calças de ganga, levantando ligeiramente a t'shirt branca, deixando momentaneamente à vista uns abdominais trabalhados e morenos. Sofia viu e agradeceu a si mesma por estar atenta a tais pormenores pejados de sensualidade.
- Vamos a isso, estou cá com uma fome...
Seguiram lado a lado e em silêncio até à pizzaria que se encontrava no interior do centro comercial. Provocaram-se mutuamente com ligeiros toques de mãos que fingiam ser ocasionais e trocaram olhares silenciosos mas plenos de significado. Em cada uma das mentes um turbilhão de palavras e sensações ficavam guardadas, trancadas e amordaçadas até serem libertadas.
Era cedo e apenas uma mesa estava ocupada com um casal de idosos. Filipe escolheu uma mesa encostada a uma grande janela que dava para um extenso  jardim relvado, onde alguns casais de namorados passeavam de mãos dadas, e sentaram-se frente a frente. Ambos estavam excitados  mas também confusos com o que havia acontecido e não sabiam o que dizer. Olharam-se nos olhos e Sofia riu-se timidamente...
-Gostei do beijo, não precisavas pedir desculpa. - Disse baixando ligeira e timidamente a face.
- Gostaste? - Filipe ajeitou-se na cadeira e endireitou as costas, demonstrando surpresa.- Eu amei o beijo... Aliás,  desde o primeiro momento que te vi lá na praia que não me saíste do pensamento, mas... -Filipe foi interrompido pelo empregado que lhes levava o menu para escolherem e fazerem o pedido.
Sofia não tirou os olhos de Filipe que entretanto conversava com o empregado sobre o tamanho das pizzas e o tipo de massa.
Sofia nem conseguia pensar em comer pizza nenhuma... queria absorver e guardar para sempre aquele momento. Queria continuar a sentir as pernas a tremer, o coração a bater descompassadamente e aquela sensação estranha no baixo-ventre que denunciava que o seu corpo queria sentir muito mais do que beijos.
Sozinhos de novo Sofia voltou à realidade:
- Podes continuar... quando fomos interrompidos dizias ... "mas". Quero ouvir o que ias dizer a seguir. - Sofia sabia que ele ía mencionar que tinha namorada e que não podia fazer aquilo à rapariga, mas surpreendeu-se com o que ouviu a seguir.
- Sim, é verdade...-continuou Filipe- mas, tu tens uma relação e eu não me quero intrometer. Pelo que sei estão zangados mas poderão reatar ... - Sofia abriu muito os olhos, não acreditando que ele falava do Ricardo que já era mais do que passado.
- Filipe estás muito enganado... eu e o Ricardo já nada temos um com o outro. Mas eu sei que tu ... - interrompidos novamente pelo empregado resolvem escolher uma pizza do agrado de ambos e um jarro de sangria tinta.
- Mas eu sei que tu... tens uma namorada na Nazaré! - Disse Sofia friamente analisando ao pormenor a sua reação. Filipe desviou o olhar para a grande janela, o seu sorriso constante e lindo deu lugar a uma boca cerrada demonstrando preocupação ou desilusão. O facto de não encarar de frente Sofia e não lhe olhar nos olhos denunciou que não ficara confortável com o que lhe dissera e observando o jardim disse:
- Não sabia que sabias disso... A minha prima tem uma língua do caraças... 
Voltou a olhar para Sofia e apenas disse que se calhar era melhor mudarem de assunto...

11 de dezembro de 2016

Muito obrigada

Ainda estou incrédula com tudo o que se tem passado neste último mês aqui no blogue. Quando me propus escrever aqui todos os dias não pensei que fosse embarcar nesta viagem tão agradável e incrível.
Uma nova Vera surgiu da penumbra onde se escondia com receio de mostrar que tem um sonho. O sonho é tão simples como isto, gosto de escrever e gosto que leiam as minhas palavras.
Mas sempre foi difícil acreditar que posso destacar-me dos comuns mortais por algo que faça. Aos poucos e nos últimos anos percebi que tenho de ser eu a procurar e a fazer o meu caminho. Não posso esperar pelas oportunidades, sou eu que devo criá-las e aprendi também que EU sou a pessoa mais importante da minha vida.  Esta é a minha vida e sou EU que vou vivê-la até ao último dia. Será que quero continuar a pôr os outros em primeiro lugar? Não... para fazer os outros felizes então eu tenho de estar e ser feliz também.
Fui conhecendo pessoas inspiradoras, lutadoras, felizes que me mostraram, e sem saberem, que eu também posso fazer o que gosto.
A história da Sofia e do Filipe tem-me provocado um rol de emoções que nem consigo bem descrever. "Mais uma mensagem" surgiu sem grandes objetivos e, episódio após episódio, foram surgindo novos comentários, maioritariamente positivos e de incentivo para continuar. E eu adorei o desafio... não consigo parar de pensar neles e em como será o próximo episódio.
Há uns tempos acompanhei uma história também escrita deste modo, em episódios, pelo Homem Sem Blogue, e hoje é um livro publicado. Esta é a minha grande inspiração e ainda hoje lhe mandei uma mensagem a agradecer este facto.

Por falar em agradecer ... muito obrigada a todos vós que têm lido os meus textos. Estou mesmo grata! Adoro ler os vossos comentários no Facebook, dão-me força!

Quanto à continuação da história da Sofia e do Filipe estou cheia de medo do que pode acontecer agora... Vou ser muito sincera convosco e acho que era capaz de escrever episódios muito "quentes" e com bolinha vermelha, ideias não me faltam mas... há sempre um mas... Receio que o blogue seja lido por crianças (alunos principalmente), receio que fira susceptibilidades e a minha mãe lê os episódios e já pediu que não a envergonhasse ... E agora, pergunto eu? O que faço leitores ansiosos do "Mais uma mensagem" ????

Amanhã escreverei novo episódio...

10 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem X

Raios de luz entravam pelas persianas mal fechadas e incidiam diretamente na face de Sofia que despertava de uma noite descansada. Abriu os olhos e fechou-os novamente incomodada pela luz forte do sol. Lembrou-se imediatamente de Filipe, e no que tinha pensado fazer para poder estar de novo com ele... Ia telefonar já à sua amiga Carlota e sem abrir o jogo, pedir-lhe-ía o número de telemóvel do surfista de olho azul.
Sentou-se na cama e espreguiçou-se durante uns segundos, esticando os músculos que pareciam doridos de tantas horas deitada na cama. Na mesinha de cabeceira o despertador mostrava que já passava das 10 horas da manhã. Já há muito tempo que não dormia 12 horas seguidas. Levantou-se e pegou no elástico para prender os seus caracóis num rabo-de-cavalo. Bolas, já estava tanto calor, mesmo tendo dormido apenas com um pequeno top e cuecas, acordara a precisar de um banho. Pegou no telemóvel que ficara a carregar durante a noite, desligou o carregador da ficha, enrolou-o e guardou-o na gaveta da mesa de cabeceira.
Olhou para o telemóvel e percebeu que tinha uma mensagem escrita de um número que não fazia parte dos seus contactos. Apressou-se a ler e, de repente, os seus olhos brilharam tanto que ofuscaram o brilho dos raios de sol que invadiam o seu quarto. Sorriu e despois de ler pela segunda vez a mensagem, deixou-se cair na cama de costas, telemóvel entre as mãos e junto ao coração. Desatou a rir dizendo " eu não acredito, eu não acredito".
Cerca de meia hora depois já estava pronta para sair de casa. Os pais tinham ido trabalhar e a irmã Rita devia ter saído mais cedo com as amigas. Assim, despachou-se no duche, vestiu um vestido prático e desportivo e calçou as sandálias novas que a magoavam um pouco no calcanhar mas combinavam na perfeição com o vestido.
Saiu de casa mas nem sabia bem o que fazer... só sabia que estava radiante e excitada com a mensagem que recebera de Filipe. Desde que a lera, um sorriso parvo teimava em não sair dos seus lábios. E a mensagem não era nada de especial mas por outro lado era tudo o que Sofia precisava naquele momento. "Olá Sofia. Hoje não fui à praia convosco mas amanhã irei lá ter. Podíamos beber um café na esplanada da praia. Que tal? Filipe, primo da Carlota"
Sofia não queria esperar tanto tempo para estar com Filipe... "Mas que parva, ele merece uma resposta e já mandou a mensagem ontem à noite... vou ligar-lhe!" - pegou no telemóvel mas... "E digo-lhe o quê? Olá Filipe, estou desejosa de te ver e de me perder nos teus braços... Que estupidez, não posso parecer tão oferecida e disponível".
Sentou-se ao volante do carro do pai, colocou a chave na ignição e ligou apenas o rádio. Tocava "You could be mine" dos Guns'n Roses, era o momento perfeito para telefonar ao surfista. Nesse momento recordou-se dos olhares trocados na praia e arrepiou-se... "Caramba... aquele gajo mexe comigo!"
- Estou? Filipe? É a Sofia, a amiga da Carlota! - a voz tremeu um pouco mas não pareceu desesperada...
- Sofiaaaa! Tudo bem? E então, aceitas a minha proposta? Por voltas das 15 horas bebemos um café?
- Olha... sabes... ehhhh... tenho que ir a Almada tratar duns assuntos e lembrei-me que podíamos almoçar... Conheço uma pizzaria muito boa. 
- Sofia... hum, como sabes que adoro pizas? Pode ser claro! Como combinamos?
Sofia acabava de estacionar bem perto do Centro Comercial M.Bica onde iria almoçar com o surfista de olho azul. Estava ansiosa e tinha a boca seca, não sabia o que ia acontecer a partir dali, mas sentia que precisava de estar com ele. Filipe era o género de homem com que sempre fantasiara, porém tinha uma namorada. Pensou também que possivelmente ele  seria fiél à namorada, e Sofia sairia perdedora desta guerra ainda antes de haver qualquer batalha.
Saiu do carro, pegou na mala e ajeitou o vestido... quando uma carrinha pão-de-forma azul clarinnha estaciona mesmo ao lado do seu carro. Era o Filipe e trazia na cara o sorriso lindo e sincero que fazia tremer as pernas de Sofia. Correspondeu com um sorriso tímido e ajeitou os longos caracóis demonstrando algum nervosismo perante o encontro esperado.
Sofia, ganhou coragem, fingiu que não se sentia excitada com a situaçao, deu a volta ao seu carro e dirigiu-se até bem perto da porta. 
- Oi.... que carro fixe!!! - foi a única coisa que lhe saiu da boca, tendo-se arrependido logo. Caramba, Sofia, "que carro fixe???". - pensou ela
- Gostas? - perguntou Filipe enquanto saía do carro e tirava os óculos de sol. - Vê lá dentro... foi toda renovada há pouco mais de um ano.
Sofia virou-se e espreitou para dentro da carrinha, colocando as mãos encostadas ao vidro, em forma de pala para conseguir ver o seu interior. Filipe aproximou-se e encostou-se de lado ao veículo do qual se orgulhava muito.
- Uauuu, muito bem! - disse Sofia ao mesmo tempo que se virou para Filipe e se apercebeu da pouca distância que os separava e suspirou... O olhar penetrante de Filipe, a presença tão próxima do surfista deixaram Sofia sem palavras e acabou por dizer com uma voz rouca - É linda!
Filipe aproximou-se ainda mais, tocou-lhe suavemente no queixo e sorriu dizendo:
- Tu és linda! - e sem tirarem os olhos um do outro, Filipe aproximou-se mais um pouco, tanto, que Sofia acabou por encostar-se à carrinha e fechar os olhos no exato momento em que os lábios de Filipe tocaram nos seus e as suas mãos a agarraram delicadamente pela cintura, puxando-a de encontro ao corpo musculado e quente de Filipe.

Mais uma mensagem IX

Filipe pôs a mochila às costas, pegou na prancha e despediu-se do grupo de amigos com um simples"tchau". Olhou para o mar tentando ver pela última vez a amiga da prima... queria guardar na memória aquela morena de sorriso quente e provocador. A miúda era gira e sensual, porém estava mais ou menos ocupada... "uma pena", pensou o surfista virando costas ao problema que iria criar se continuasse ali por mais tempo.
Entrou no seu Volkswagen "pão de forma", comprado há precisamente um ano, e rumou até casa dos tios, pais de Carlota, que viviam em Almada. 
Filipe estava à procura de emprego em Lisboa ou arredores, queria deixar a cidade de Abrantes onde vivia desde sempre mas que sabia não ter grande futuro para si. Era uma cidade bonita e histórica mas demasiado pequena e onde nada ou muito pouco se passava. Tinha lá os seus avós, que viviam mesmo no centro da cidade numa casa antiga e cheia de memórias dos seus falecidos pais. Tinha feito muitos amigos, conhecia muita gente e nunca se sentia sozinho, mas não conseguia ficar lá muito mais tempo. Filipe gostava era de estar perto do mar... era na praia que se sentia em casa. Nos últimos anos tinha descoberto o surf e sabia que o seu futuro teria de ser feito junto ao mar. Nazaré e Peniche tinham sido nestes últimos tempos os locais onde passava os fins-de-semana a fazer aquilo que mais amava... Também tinha sido na praia que conhecera Patrícia, a sua atual namorada, por quem se apaixonara assim que a viu a sair do mar, de prancha debaixo do braço.
Quando a prima o convidou para ir com ela e uns amigos até à Costa ele aceitou de imediato mas nunca pensou que fosse para   ir conhecer alguém que o deixasse assim tão "desconfortável".
Não queria, mas a miúda, cujo nome já nem se lembrava, tinha-o provocado de uma maneira desconcertante... Os olhares, a conversa, as mamas... Filipe abanou a cabeça, tentando afastar a imagem dos seios da miúda, e aumentou o volume do auto-rádio onde se ouvia High and Dry dos Radiohead, uma das suas bandas favoritas. Sorriu, abriu o vidro do carro, tirou o elástico do cabelo, sacudindo-o levemente e acelerou sentindo a brisa quente na sua pele queimada e salgada.
Continuava a pensar na ... Sónia? Sara?... Caraças, não se lembrava do nome, mas não se esquecia do sorriso... e de como aquele biquíni lhe ficava tão bem!
No dia seguinte resolveu ir até à praia de Carcavelos, queria manter-se longe da amiga da prima... ou não... Desceu para tomar o pequeno-almoço e avisou a prima, que já se encontrava à mesa, que não iria com ela até à Costa. Mas tinha um favor a pedir-lhe:
- Podes dar-me o número de telefone daquela tua amiga? E não faças perguntas... - disse Filipe com um ar bastante sério, mas a pensar para consigo porque raio é que estava a fazer aquilo... ia-se meter em problemas. Não conseguia ser racional... só conseguia pensar na morena de biquíni preto.
- Ok primo... mas para que queres o número da Sofia? -questionou intrigada.
- Eu disse para não fazeres perguntas... Dás ou não? - perguntou Filipe enquanto pegava numa fatia de bolo e dava uma grande dentada.
- Tudo bem, mas vê lá o que fazes... ela é minha amiga!
- Don't worry priminha - respondeu Filipe ainda a mastigar e a saborear o bolo de laranja que a tia tinha feito na véspera. - Obrigado! Mas não digas nada à Sofia - Afinal era esse o nome da morena que o tinha deixado com insónias nessa noite.
Após um grande dia de surf, depois de um belo jantar na companhia dos tios e da prima e depois de pegar várias vezes no seu Sony Ericson, acabou por escrever uma mensagem e enviou-a à miúda que não lhe saía da cabeça. Mal sabia Filipe que seria apenas a primeira de milhares de mensagens que iria trocar com Sofia, a morena de sorriso quente e provocador.

8 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem VIII

Sofia chegou a casa com uma terrível dor de cabeça e a sentir-se triste e desolada...
Aquele dia de praia sem o Filipe, sem saber nada dele e sem ter como o contactar deixou-a de rastos. Ainda pensou pedir o número de telemóvel a Carlota mas não queria levantar suspeitas, pelo menos por enquanto ninguém precisava saber como se estava a sentir em relaçao ao surfista loiro, de cabelo despenteado e olhar profundo e intimidante.
Gostava de ter estado mais tempo com Filipe, gostava de o conhecer melhor e intimamente e nem sequer estava muito preocupada com o facto de ele ter uma namorada.
Sofia não queria namorar com ele...O verbo namorar é muito difícil de conjugar e Sofia não queria estar presa a ninguém. Tinha experimentado durante uns anos com o Ricardo e muitas vezes fora um sufoco manter a relação. As obrigações, os ciúmes, os horários, a dependência... tudo isso não era para si! Gostava de ter liberdade para fazer o que lhe apetecesse sem ter que avisar, questionar se podia ou pedir autorização.
Já lhe chegavam os pais que tentavam controlá-la só por ainda viver com eles, na mesma casa e conduzir o único carro da família. Sofia era diferente das outras mulheres da sua idade, que com 23 anos já pensavam em casar e ter filhos. Ela não desejava partilhar a sua vida com ninguém. Desejava partilhar momentos de prazer e de felicidade e neste momento era com Filipe que queria fazer essa transação de sensações, de instantes, de pedaços da vida.
Deu um beijo ao pai e outro à mãe e disse que não queria jantar. Os pais entreolharam-se e perceberam que a filha não estava bem...
- Dói-me a cabeça papá, estava muito calor e o sol deve ter-me feito mal... vou tomar um banho e dormir.
- Toma um aspegic ... vais sentir-te melhor -aconselhou a mãe, que era conhecida como a farmácia ambulante por ter sempre à mão o medicamento necessário para qualquer maleita que afligisse as filhas ou o marido.
Sofia já nem ouviu a mãe pois encaminhava-se rapidamente para a casa-de-banho.
Despiu-se lentamente, enquanto observava o seu reflexo no espelho por cima do lavatório. Observou os seus seios voluptuosos e sorriu ao lembrar-se que no dia anterior Filipe tinha tido dificuldade em desviar o olhar das suas mamas. Era compreensível.
Entrou no duche e a água morna, ao tocar na sua pele bronzeada, seca e arrepiada  provocou-lhe uma sensação de prazer... quase comparável às mãos de Filipe a percorrer o seu corpo... Pelo menos Sofia gostaria que assim fosse... e imaginou-o ali, na sua banheira a tocá-la e a beijá-la. Fechou os olhos e visualizou os lábios carnudos, a barba de dois dias a percorrer o seu pescoço e a provocar arrepios de prazer... Todo o seu corpo reclamava a presença física de Filipe e sendo isso impossível, por agora Sofia teria de se acalmar, aceitar e esperar que se voltassem a encontrar.
Terminou o duche rapidamente. Voltou a olhar-se no espelho e questionou-se se seria o tipo de mulher que agradaria a Filipe... Não era uma mulher bonita mas sabia que tinha um corpo interessante com as curvas que os homens gostam de ver, de sentir e de percorrer com os dedos.
Enfiou-se na cama ainda com o longo cabelo encaracolado todo molhado mas não se preocupou com esse pormenor, só pensava que no dia seguinte teria de delinear uma estratégia, um plano para alcançar os seus objetivos. Precisava estar com Filipe, tinha de conseguir falar com ele sobre os seus sentimentos e perceber se ele também sentia o mesmo por ela. Não era amor, não era paixão... era algo mais carnal e instintivo.
A dor de cabeça continuava a massacrar-lhe as têmporas mas acabou por adormecer ainda antes das 22 horas. Cerca de meia hora depois o seu Nokia 3210 registou a entrada de uma nova mensagem escrita de um número desconhecido. A mensagem estava assinada: "Filipe, o primo da Carlota"...

Toasted Popcorn

Tinha eu acabado de me sentar no sofá quando o miúdo se lembrou de querer umas pipocas... olhei para ele de lado com o meu ar de "deves pensar que eu me vou levantar só para fazer umas pipocas"... e pronto, lá foi ele fazer as suas primeiras pipocas sozinho (de micro-ondas claro).
Passados uns minutos disse lá da cozinha que estavam um bocadinho queimadas...
- Um bocadinho queimadas Daniel????!!!!
Ahahahah...

Como é feriado. ..

Mais uma mensagem VII

Envolvidos na conversa nem se aperceberam do tempo passar e, de repente, já o grupo de amigos se voltava a reunir. As gargalhadas e as brincadeiras constantes entre os amigos quebraram a ligação que se começava a construir entre Sofia e Filipe. Este levantou-se para Carlota se poder deitar na sua toalha e Ricardo colocou a sua toalha mesmo ao lado de Sofia.
A tarde foi passando e Sofia tentava prestar atenção à conversa entediante que o seu ex-namorado tentava manter com ela, mas na sua mente só se ouvia um estranho diálogo a duas vozes "Não te apaixones ... Mas ele é tão lindo... Ele namora, não tens hipóteses... Mas não o deixes fugir".
Tentava não olhar para Filipe mas a vontade era mais forte que ela e das várias vezes que olhou na sua direção Filipe correspondeu com um olhar profundo, intimidante e arrebatador... Timidamente, Sofia desviou sempre o olhar e lembrou-se do que a amiga lhe tinha contado do primo "...tem a fama de conquistar corações e depois desfazê-los em pedaços".
Sofia sentia-se quente. O sol das 17h continuava abrasador e agora sim, sentia vontade de ir dar um mergulho. Precisava refrescar as ideias e acalmar o coração indomável que agora se sobrepunha à sua mente racional... Coração 1 - mente 0
- Vou dar um mergulho, quem vem comigo? - questionou Sofia aos amigos na ânsia que Filipe se oferecesse para ir com ela. No fundo era um convite e ela só esperava que ele mordesse o isco...
Olhou para ele, perdeu-se no olhar correspondido de um imenso azul e ouviu Ricardo a dizer que ia com ela... Merda ... Não era essa voz que ela queria ouvir.
Enquanto caminhavam até à beira-mar Ricardo comentou com Sofia que não simpatizava nada com Filipe, pois achava-o "um grande convencido". Sofia não comentou...
Não demoraram a entrar na água e depois de meia dúzia de mergulhos refrescantes regressaram ao encontro do grupo. Sofia estacou... o Filipe já lá não estava!
Nem queria acreditar... Toda a excitação que sentia dentro de si, provocada pela presença daquele homem desmoronou-se como um castelo de areia quando é atingido por uma onda... ficou desolada! Tentou não transparecer a desilusão mas acabou por perguntar a Carlota pelo primo.
- Teve de ir embora, não sei bem porquê... Acho que estava à espera de ter grandes ondas aqui na Riviera e aborreceu-se. Mas amanhã deve voltar!
Sofia renasceu por dentro e o diabinho que antes a instigara a olhar e provocar Filipe bateu palmas de alegria... para Sofia eram as famosas borboletas no estômago.
Acabado o dia de praia rumaram ao  estacionamento e no trajeto Carlota faz sinal a Sofia para irem mais devagar... queria falar com ela a sós.
- Ouve lá amiga, não sei o que vocês conversaram, tu e o Filipe, mas ele não gostou nada de uma coisa que eu lhe disse. Depois disso ele pegou na mochila e na prancha e foi-se embora...
- A sério? Mas o que é que lhe disseste?- perguntou Sofia curiosa mas apreensiva.
- Opá, eu só lhe disse que apostava que tu e o Ricardo ainda iam reatar a vossa relação. O Filipe pareceu ficar estranho, chateado sei lá... e bazou! Estava a passar-se algo entre vocês??? Eu avisei-te que ele tem namorada...- rematou Carlota agarrando o braço da amiga obrigando-a a encará-la.
- Não, Carlota apenas conversámos sobre a praia e as férias ...pouco mais. -  Sofia tinha de omitir todos os olhares trocados que indiciavam vontades de ambas as partes e sossegou a amiga, reafirmando que nada de importante se passara entre eles.
No dia seguinte todo o grupo voltou a reunir-se na praia da Riviera, mas o Filipe não apareceu...

5 de dezembro de 2016

Upssss

Estou tão, tão, tão feliz que nem imaginam...
- não, não fiquei milionária;
- não, não estou grávida;
- não, não estou quase de férias...

Passo a explicar a razão de tão grande e imensurável felicidade: lembram-se quando fiquei muito triste há cerca de uma semana por ter apagado sem querer montes do fotografias? 

Na altura não contei tudo... disse que tinham sido cerca de 300 mas, afinal eram mais de 4000 fotografias perdidas para sempre. Para além desses registos importantes foram também apagadas todas as minhas músicas, todas as playlists, todos os downloads.

Acabei por aceitar e perceber que não iria ser essa perda que me iria deixar triste e desconsolada. Life goes on! São apenas fotos e músicas que facilmente poderei repor.

Hoje o meu telemóvel bloqueou e não o consegui desligar normalmente, assim, abri a tampa para poder tirar a bateria e voltar a ligar e .... upssss.... o cartão de memória caiu para a minha mão... literalmente!

Ainda fiquei a pensar mas depois fez-se luz... o cartão de memória não estava bem encaixado, por isso não tinha todas as 4000 fotos e outras centenas de músicas.

Encaixei muito bem o cartão, liguei o telemóvel e fiquei tão feliz pois afinal não estava nada perdido.

Tenho tudo de volta e aprendi a lição... sempre que retirar os cartões, seja por que razão for, devo voltar a encaixá-los bem.

E pronto tenho de assumir que sou um bocado ingénua no que aos gadgets diz respeito e que se calhar ficaria mais feliz se me saísse no euromilhões. Mas pronto, estou grata ao universo por me ter pregado esta pequena partida!

3 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem VI

O mês de agosto de 99 estava a chegar ao fim e Sofia aproveitava os últimos dias de férias para ir relaxar e divertir-se com os seus amigos na praia da Riviera na Costa da Caparica. Há cerca de dois meses tinha terminado um longo namoro com o Ricardo. Uma relação sólida e bonita mas já muito gasta e rotineira, onde Sofia não via um futuro feliz e sorridente. Foi ela mesma que pôs fim à relação de quase 5 anos mas sabia que tinha sido o melhor para ela e para ele também. Continuavam amigos e aliás, continuavam a ir juntos à praia.
Foi num desses dias que conheceu Filipe... o tal surfista loiro de olhos azuis que deixou Sofia a tremer por dentro ao primeiro olhar e ao primeiro sorriso. Filipe era afinal primo da sua melhor amiga Carlota e ela até já lhe tinha falado nele, no primo de Abrantes que tinha ficado a viver com os avós maternos após os pais terem morrido num acidente de automóvel.
- Pessoal este é o meu primo Filipe e hoje veio passar o dia connosco. - disse Carlota ao grupo de amigos.
Seguiram-se os cumprimentos habituais e enquanto pousava a sua prancha de surf na areia, Sofia aproveitou para o observar melhor. Tinha um corpo ligeiramente musculado, pele morena e um sorriso de fazer derreter qualquer mulher mais desprevenida ou carente. E só a voz de Carlota a fez voltar à realidade:
- Olha lá, eu sei que o rapaz é giro mas já tem dona, ok? Por isso, nada de ficares aí toda caidinha... - segredou ao ouvido de Sofia, que se sentiu a corar com o comentário que parecia adivinhar os seus pensamentos.
- Achas? Ainda agora saí de uma relação, nem quero pensar nisso por agora - afirmou olhando para o ex-namorado que se preparava para ir dar um mergulho com os outros rapazes.
- Pois, não sei... Só sei é que o Filipe tem a fama de conquistar corações e depois desfazê-los em pedaços. Só agora com esta namorada parece estar a aguentar um namoro. Ela vive na Nazaré e é lá que ele surfa, já dorme por lá muitas vezes...  Bem, vamos dar um mergulho?
- Não me apetece Carlota... vão vocês. Fico a tomar conta das coisas.
Durante a conversa Sofia não se apercebeu mas Filipe esteve sempre a observá-la...
Foram todos para a água que estava bastante convidativa com uma excelente temperatura e poucas ondas.
Sofia deitou-se de costas e pôs o braço em cima da face a proteger os olhos dos escaldantes raios de sol e imaginou-se de imediato nos braços daquele surfista lindo. Sofia tentou afastar tais pensamentos, pois o seu lado racional assim o exigia... Os tempos de adolescente já tinham passado há muito, não podia fantasiar daquela maneira com o primeiro giraço com quem se cruzava...   Menos de 5 minutos depois já tinha alguém a seu lado a comentar que a água estava espetacular... Mas aquela voz... .?!?! Era o Filipe que tinha acabado de se deitar de bruços na toalha da prima, mesmo ao lado de Sofia. Sofia sentou-se rapidamente e envergonhada ficando a olhar para Filipe, enquanto ele dizia qualquer coisa como o mar estar com uma temperatura ótima mas flat e isso ser uma grande seca ... 
Corpo molhado e reluzente, rabo-de-cavalo num desalinho, lábios bem desenhados e uma pequena tatuagem com duas estrelas no pescoço por trás da orelha direita foi tudo o que Sofia viu até conseguir disfarçar e fingir que ele não lhe tirava todo o fôlego.
A conversa que se seguiu foi apenas conversa de circunstância, e pareceu-lhe que o Filipe até era bom rapaz, interessante e bem-falante. No entanto, houve algo que deixou Sofia embaraçada mas também envaidecida... os olhos lindos de morrer do Filipe procuravam insistentemente o seu peito.
Sofia só pensava no que a Carlota lhe tinha dito e dizia para si mesma "não te apaixones, não te apaixones..."

1 de dezembro de 2016

Malas novas

Já disse que gosto de costurar? Pois... acho que sim....
Gosto tanto que precisava de mais umas horas no meu dia para poder usufruir mais desta terapia. Como não é possível acrescentar horas às 24 já existentes então vou usando os feriados e fins-de-semana para poder carregar no pedal.
Por enquanto ainda não faço peças de roupa e dedico-me apenas a fazer pequenas malas e bonecos. Não são originais meus pois falta-me a veia criativa mas, aproveito ideias e moldes e faço as alterações necessárias.
Desta vez ando perdida por estas malinhas lindas em feltro. São muito versáteis, úteis e combinam com vários estilos de roupa.
Hoje resolvi inovar no modelo e pôr um fecho de iman. Acho que estão tão giras!

Jantar Zumbástico

Está aberta a época dos jantares natalícios!
Hoje, véspera de feriado foi o dia escolhido para 20 meninas do grupo de zumba do CASMP abdicarem da sua aula e irem jantar fora!
Moramos quase todas no bairro de Sta. Marta em Corroios por isso decidimos jantar "em casa".

O restaurante escolhido foi o Trilogia do conhecido participante do Masterchef Portugal Márcio Rodrigues. E devo já dizer que foi muito bem escolhido.
O espaço, situado na rua principal da zona, é bonito, acolhedor e simpático. A comida estava muito bem confecionada e as sobremesas eram divinais. A simpatia dos empregados e do próprio dono do espaço foram também uma constante.
Eu não conhecia ainda o restaurante mas fiquei com uma boa impressão do mesmo, por isso pretendo lá voltar com a família.
Foi uma noite muito bem passada onde nos divertimos (com a sangria a fazer algum efeito), rimos, partilhámos histórias, trocámos prendas e ainda cantámos os parabéns a duas das meninas.

Venham mais noites destas... mas sem consumir tantas calorias, pois nem as aulas de zumba conseguirão queimá-las todas!

29 de novembro de 2016

Mais uma mensagem V

- Lembras-te dele mana? - voltou a perguntar visto que a sua irmã não respondia.
- Ai Rita, não estou a ver quem é esse Filipe... - mentiu Sofia com a voz a tremer do nervosismo crescente que sentia dentro de si. Naquele momento sentiu o  mundo a ruir à sua volta, o coração a acelerar e a respiração a tornar-se ofegante como quando se corre um pouco para apanhar o autocarro. Sofia não queria acreditar que o Filipe estava a jantar com a sua irmã. Não percebia onde é que ele queria chegar...
- Sofia, vê lá se te recordas ...  vamos fazer um brainstorm com as palavras que te vou dizer. Estás pronta?
Sofia queria dizer a Rita que não queria continuar aquela conversa, queria dizer para se afastar dele, para fugir enquanto pudesse mas só conseguiu articular um quase inaudível "Estou pronta".
- Olha... ele está aqui à minha frente e já se fartou de rir com a nossa conversa... ele lembra-se de ti! Então vê lá se as seguintes palavras não te fazem lembrar alguém: férias, surf, loiro... girooo! - Se não fosse a situação que era, Sofia teria achado graça ao jogo da Rita mas queria acabar com aquilo.
- Sim, sim já me lembro dele. O Filipe que conhecemos na Costa da Caparica há muitos anos. - respondeu Sofia emprestando à sua voz uma falsa surpresa.
- Bingooo... acertaste! Ele diz para vires cá ter e jantar connosco. Anda mana...
Sofia tinha a cabeça num turbilhão...
O Filipe estava ao fundo da sua rua a jantar com a sua irmã mais nova mas aparentemente, continuava a manter o segredo que partilhavam. Não parecia que tivesse contado à Rita tudo o que se passara entre eles. Pelo menos Sofia nunca tinha partilhado nada com ninguém, tinham feito uma jura... nunca iriam dizer nada a ninguém.
- Querida, já jantei e para além disso estou cansada e ja vesti o pijama. Olha mana... tem cuidado. Estão sozinhos? - perguntou Sofia receosa do que pudesse acontecer a seguir.
- Não, ele está também com os filhos. Vieram a Lisboa e encontrámo-nos nas Amoreiras. Acreditas  que ele é que me reconheceu? Vá, não te preocupes que depois levam-me a casa e eu mando-te mensagem quando chegar... Ele está a mandar-te beijinhos!
"Com os filhos?"- pensou Sofia. Afinal ele tinha seguido com a sua vida e agora era um pai de família, tinha uma esposa, tinha filhos. Possivelmente estava uma pessoa diferente... diferente do rebelde e irresponsável Filipe que conhecera numa tarde quente de agosto do longínquo ano de 1999, na Costa da Caparica.
Terminaram a conversa e Sofia ficou a olhar para o telemóvel... Kiko acordou e saltou do sofá com a agilidade habitual dos felinos dirigindo-se para a cozinha, já sentia fome e hoje a dona não lhe estava a prestar atenção nenhuma.
A raiva que sentira há pouco mais de duas horas parecia acalmar, dando lugar a um sentimento que tinha aprendido a dominar... saudades.
Fechou os olhos, inspirou profundamente três vezes, recostou-se encolhida no sofá, adormecendo com lágrimas a rolarem nas suas faces.
E de repente, já estava sentada na sua toalha de praia da Coca-cola, biquíni preto reduzido demais para a época, pele húmida e salgada, observando divertida os amigos a jogarem uma partida de futebol no areal da praia, quando o rapaz mais giro que vira na vida passou à sua frente. E o momento estava congelado no tempo... o momento em que o surfista de cabelo oxigenado preso num rabo-de-cavalo despenteado e rebelde, olhos azuis e pele bronzeada cruzou o seu olhar com o dela...

28 de novembro de 2016

Desafio superado

Há 21 dias propus-me fazer algo extremamente difícil para mim... escrever no blogue todos os dias, 21 dias seguidinhos.
Hoje é o 21* dia e superei o desafio!!!
Muito sinceramente não pensei que o fosse conseguir visto que não sou uma pessoa regrada e organizada no que ao lazer diz respeito. Tanto posso passar temporadas a ver séries de televisão, como estar a ler avidamente um qualquer romance ou ainda agarrada à máquina de costura a fazer coisas bonitas. Como ia encontrar tempo para inventar algo para escrever?
Não tenho o hábito de escrever, mas gosto... e agora passei a gostar ainda mais.
Tornou-se um hábito, um tema de conversa cá em casa e principalmente tornou-se um orgulho e um objetivo.
Se escrevi aqui todos os dias foi porque fui recebendo mensagens positivas dos amigos e conhecidos, colegas de trabalho e familiares,  apoiando-me e incentivando-me a escrever mais e mais.
Obrigada a todos os que por aqui passaram. Foi mesmo muito importante para mim.
Agora que passaram os 21 dias resta saber se realmente o hábito se enraizou...
Amanhã logo vejo... mas hoje sinto-me feliz e realizada, pois fiz algo novo pela primeira vez e alarguei mais um pouco a minha área de conforto.

Até amanhã e obrigada por andarem por aí 😉

26 de novembro de 2016

Que chatice...

Hoje queria escrever sobre o dia espetacular que passei com as colegas e amigas da minha escola mas... estou chateada.
Passo a explicar:
- o meu telemóvel desligou-se sem querer e ao voltar a ligar e como estava distraída e na conversa com as colegas, enganei-me três vezes a marcar o PIN;
- o telemóvel ficou bloqueado estando eu em Lisboa e sem acesso ao meu PUK;
- percebi que é muito difícil estar sem telemóvel;
- já em casa tratei de desbloquear o mesmo;
- à noite o telemóvel estava com pouca capacidade para instalar uma aplicação e resolvo desinstalar algo que pensava nunca usar;
- apaguei cerca de 300 fotografias...

Hoje não me apetece escrever mais nada...

LxFactory com as amigas

Ontem foi dia de rumar à margem Norte do Tejo com algumas colegas e amigas para uma formação da Texto Editores. Pois é... os professores também fazem refresh de vez em quando...
Passada a formação chegava a hora do almoço e como tal procuramos algo diferente e especial. Apontámos para o LxFactory em Alcântara que outrora foi uma zona industrial de extrema importância para a cidade. Hoje em dia é uma zona renovada, com diversas lojas jovens, atrativas, diferentes, dinâmicas e surpreendentes.  Continua a manter-se neste local um ambiente industrial e fabril, que pelo que me parece é ainda desconhecido de maior parte dos lisboetas e dos arredores.
Almoçamos uns hambúrgueres deliciosos na Burger Factory que nos conquistou pela decoração dos tetos, pela apresentação dos pratos e por outros pormenores decorativos... só mesmo indo lá!
Seguidamente e do outro lado da estrada, subimos até ao quarto andar de um prédio para bebermos um chá quentinho no Rio Maravilha, um bar/restaurante com uma vista espetacular sobre Lisboa, Tejo e margem Sul. Também este local deslumbra qualquer um seja pela decoração seja pelo ambiente. Aqui ficámos na conversa, partilhámos ideias, sonhos e projetos. Foi um momento de descontração e de partilha.
Não podíamos deixar o LxFactory sem visitar a livraria emblemática LerDevagar e outras lojas que nos despertam curiosidade e vontade de fazer uma data de compras!
Acabou por ser um sábado muito bem passado cheio de boas energias, risadas, gargalhadas e muita conversa... ou não fôssemos nós um grupo de professoras com tantas estórias para contar.

Para quem ainda não conhece o LxFactory fica o convite... não se irão arrepender. Para quem já conhece sabe muito bem do que é que falo...

Venham mais dias assim pois a vida é feita de momentos especiais como este... onde a felicidade é uma constante. No fundo, nós só queremos é ser felizes!
Obrigada às amigas que confiaram na minha "visita guiada" ao Lxfactory!

25 de novembro de 2016

Mais um livro autografado

Costumo dizer que faço coleção de livros autografados. Tenho tido várias oportunidades de conhecer grandes escritores portugueses de livros para crianças quando estes se deslocam às escolas onde trabalho e, não perco a oportunidade de levar para casa um exemplar autografado.
Mais recentemente passei a juntar à coleção, livros de amigos ou de pessoas que conheço aqui e ali. E é sempre com enorme orgulho, felicidade e até alguma emoção que marco presença no lançamento e apresentação das suas obras. Deve ser uma felicidade inexplicável lançar um livro, gravar um disco ou partilhar com o mundo algo que é tão nosso, mas que passa a ser também de todos os demais. Há algo de mágico neste processo... tal como ver nascer um filho que foi crescendo no nosso ventre, e que a partir do nascimento deixa de ser só nosso, passa a fazer parte do universo. Gosto de presenciar esse momento emocionante, arrepiante e gosto de sentir as boas energias das pessoas presentes. Normalmente, a felicidade pura e crua reina neste momentos... e é tao bonito de se ver e de se vivenciar. E hoje foi mesmo assim! 

Hoje foi a vez de ir apoiar o Nuno Sousa, amigo das caminhadas que às vezes fazemos, com ele e com muitos outros companheiros e amigos.
Em conjunto com Maria Carmen Garcia e edição da Capital Book, Nuno lançou, na Fnac de Almada, o livro "Fátima, 100 anos de Fé".
Este é um livro fruto de uma peregrinação a Fátima com o grupo de peregrinos de Fernão Ferro. Basicamente é um olhar despretensioso, único e emocionado captado pelo Nuno através da objetiva da sua máquina fotográfica. O resultado são registos visuais de peregrinos com fé, muitas emoções e com algo a agradecer a Nossa Senhora de Fátima.
A acompanhar as fotografias estão textos dos próprios peregrinos, testemunhos sentidos e na primeira pessoa que expressam de uma forma única o que é isto de ser peregrino, o que é isto de ir a pé até Fátima.

Hoje a minha biblioteca ficou mais rica e a minha coleção tem mais um exemplar autografado! Obrigada!
Parabéns Nuno Sousa... desejamos-te os maiores sucessos para este livro e aguardamos ansiosamente pelo próximo.