8 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem VIII

Sofia chegou a casa com uma terrível dor de cabeça e a sentir-se triste e desolada...
Aquele dia de praia sem o Filipe, sem saber nada dele e sem ter como o contactar deixou-a de rastos. Ainda pensou pedir o número de telemóvel a Carlota mas não queria levantar suspeitas, pelo menos por enquanto ninguém precisava saber como se estava a sentir em relaçao ao surfista loiro, de cabelo despenteado e olhar profundo e intimidante.
Gostava de ter estado mais tempo com Filipe, gostava de o conhecer melhor e intimamente e nem sequer estava muito preocupada com o facto de ele ter uma namorada.
Sofia não queria namorar com ele...O verbo namorar é muito difícil de conjugar e Sofia não queria estar presa a ninguém. Tinha experimentado durante uns anos com o Ricardo e muitas vezes fora um sufoco manter a relação. As obrigações, os ciúmes, os horários, a dependência... tudo isso não era para si! Gostava de ter liberdade para fazer o que lhe apetecesse sem ter que avisar, questionar se podia ou pedir autorização.
Já lhe chegavam os pais que tentavam controlá-la só por ainda viver com eles, na mesma casa e conduzir o único carro da família. Sofia era diferente das outras mulheres da sua idade, que com 23 anos já pensavam em casar e ter filhos. Ela não desejava partilhar a sua vida com ninguém. Desejava partilhar momentos de prazer e de felicidade e neste momento era com Filipe que queria fazer essa transação de sensações, de instantes, de pedaços da vida.
Deu um beijo ao pai e outro à mãe e disse que não queria jantar. Os pais entreolharam-se e perceberam que a filha não estava bem...
- Dói-me a cabeça papá, estava muito calor e o sol deve ter-me feito mal... vou tomar um banho e dormir.
- Toma um aspegic ... vais sentir-te melhor -aconselhou a mãe, que era conhecida como a farmácia ambulante por ter sempre à mão o medicamento necessário para qualquer maleita que afligisse as filhas ou o marido.
Sofia já nem ouviu a mãe pois encaminhava-se rapidamente para a casa-de-banho.
Despiu-se lentamente, enquanto observava o seu reflexo no espelho por cima do lavatório. Observou os seus seios voluptuosos e sorriu ao lembrar-se que no dia anterior Filipe tinha tido dificuldade em desviar o olhar das suas mamas. Era compreensível.
Entrou no duche e a água morna, ao tocar na sua pele bronzeada, seca e arrepiada  provocou-lhe uma sensação de prazer... quase comparável às mãos de Filipe a percorrer o seu corpo... Pelo menos Sofia gostaria que assim fosse... e imaginou-o ali, na sua banheira a tocá-la e a beijá-la. Fechou os olhos e visualizou os lábios carnudos, a barba de dois dias a percorrer o seu pescoço e a provocar arrepios de prazer... Todo o seu corpo reclamava a presença física de Filipe e sendo isso impossível, por agora Sofia teria de se acalmar, aceitar e esperar que se voltassem a encontrar.
Terminou o duche rapidamente. Voltou a olhar-se no espelho e questionou-se se seria o tipo de mulher que agradaria a Filipe... Não era uma mulher bonita mas sabia que tinha um corpo interessante com as curvas que os homens gostam de ver, de sentir e de percorrer com os dedos.
Enfiou-se na cama ainda com o longo cabelo encaracolado todo molhado mas não se preocupou com esse pormenor, só pensava que no dia seguinte teria de delinear uma estratégia, um plano para alcançar os seus objetivos. Precisava estar com Filipe, tinha de conseguir falar com ele sobre os seus sentimentos e perceber se ele também sentia o mesmo por ela. Não era amor, não era paixão... era algo mais carnal e instintivo.
A dor de cabeça continuava a massacrar-lhe as têmporas mas acabou por adormecer ainda antes das 22 horas. Cerca de meia hora depois o seu Nokia 3210 registou a entrada de uma nova mensagem escrita de um número desconhecido. A mensagem estava assinada: "Filipe, o primo da Carlota"...

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