10 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem IX

Filipe pôs a mochila às costas, pegou na prancha e despediu-se do grupo de amigos com um simples"tchau". Olhou para o mar tentando ver pela última vez a amiga da prima... queria guardar na memória aquela morena de sorriso quente e provocador. A miúda era gira e sensual, porém estava mais ou menos ocupada... "uma pena", pensou o surfista virando costas ao problema que iria criar se continuasse ali por mais tempo.
Entrou no seu Volkswagen "pão de forma", comprado há precisamente um ano, e rumou até casa dos tios, pais de Carlota, que viviam em Almada. 
Filipe estava à procura de emprego em Lisboa ou arredores, queria deixar a cidade de Abrantes onde vivia desde sempre mas que sabia não ter grande futuro para si. Era uma cidade bonita e histórica mas demasiado pequena e onde nada ou muito pouco se passava. Tinha lá os seus avós, que viviam mesmo no centro da cidade numa casa antiga e cheia de memórias dos seus falecidos pais. Tinha feito muitos amigos, conhecia muita gente e nunca se sentia sozinho, mas não conseguia ficar lá muito mais tempo. Filipe gostava era de estar perto do mar... era na praia que se sentia em casa. Nos últimos anos tinha descoberto o surf e sabia que o seu futuro teria de ser feito junto ao mar. Nazaré e Peniche tinham sido nestes últimos tempos os locais onde passava os fins-de-semana a fazer aquilo que mais amava... Também tinha sido na praia que conhecera Patrícia, a sua atual namorada, por quem se apaixonara assim que a viu a sair do mar, de prancha debaixo do braço.
Quando a prima o convidou para ir com ela e uns amigos até à Costa ele aceitou de imediato mas nunca pensou que fosse para   ir conhecer alguém que o deixasse assim tão "desconfortável".
Não queria, mas a miúda, cujo nome já nem se lembrava, tinha-o provocado de uma maneira desconcertante... Os olhares, a conversa, as mamas... Filipe abanou a cabeça, tentando afastar a imagem dos seios da miúda, e aumentou o volume do auto-rádio onde se ouvia High and Dry dos Radiohead, uma das suas bandas favoritas. Sorriu, abriu o vidro do carro, tirou o elástico do cabelo, sacudindo-o levemente e acelerou sentindo a brisa quente na sua pele queimada e salgada.
Continuava a pensar na ... Sónia? Sara?... Caraças, não se lembrava do nome, mas não se esquecia do sorriso... e de como aquele biquíni lhe ficava tão bem!
No dia seguinte resolveu ir até à praia de Carcavelos, queria manter-se longe da amiga da prima... ou não... Desceu para tomar o pequeno-almoço e avisou a prima, que já se encontrava à mesa, que não iria com ela até à Costa. Mas tinha um favor a pedir-lhe:
- Podes dar-me o número de telefone daquela tua amiga? E não faças perguntas... - disse Filipe com um ar bastante sério, mas a pensar para consigo porque raio é que estava a fazer aquilo... ia-se meter em problemas. Não conseguia ser racional... só conseguia pensar na morena de biquíni preto.
- Ok primo... mas para que queres o número da Sofia? -questionou intrigada.
- Eu disse para não fazeres perguntas... Dás ou não? - perguntou Filipe enquanto pegava numa fatia de bolo e dava uma grande dentada.
- Tudo bem, mas vê lá o que fazes... ela é minha amiga!
- Don't worry priminha - respondeu Filipe ainda a mastigar e a saborear o bolo de laranja que a tia tinha feito na véspera. - Obrigado! Mas não digas nada à Sofia - Afinal era esse o nome da morena que o tinha deixado com insónias nessa noite.
Após um grande dia de surf, depois de um belo jantar na companhia dos tios e da prima e depois de pegar várias vezes no seu Sony Ericson, acabou por escrever uma mensagem e enviou-a à miúda que não lhe saía da cabeça. Mal sabia Filipe que seria apenas a primeira de milhares de mensagens que iria trocar com Sofia, a morena de sorriso quente e provocador.

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