23 de dezembro de 2016

Mais uma mensagem XIV

O som insistente do toque do telemóvel despertou Sofia. Era o despertador que estava programada para tocar às 7horas da manhã, todos os dias... Sofia adormecera no sofá e esquecera-se de o desligar... não precisava acordar tão cedo ao sábado...
"Bolas... o Filipe... a Rita... adormeci." Sofia senta-se apressadamente no sofá e um esgar de dor percorre a sua face, pois uma noite no sofá dava-lhe cabo das costas. Endireitou ligeiramente as costas e massajou suavemente o pescoço tentando minimizar o mal-estar. Possivelmente a dor passaria após um bom banho e alguns alongamentos... Mas antes tinha de saber da sua irmã. Será que tinha chegado bem a casa? Sobre o que teriam conversado durante o jantar? Como seriam os filhos dele?
Tantas perguntas fervilhavam na sua mente... Tal como ao longo dos tempos que esteve com Filipe. Havia sempre dúvidas, anseios, bloqueios, becos sem  saída.
Sentia-se um pouco perdida sem saber o que fazer... mas sentia uma enorme vontade de falar com Filipe. Lembrou-se do que sentia quando estava com ele. Ele sabia fazê-la feliz! Sofia fechou os olhos e sentiu o coração a acelerar ao visualizar o surfista deitado ao seu lado após uma maravilhosa noite de sexo. Era onde melhor se entendiam, na cama...
"Sofia, esse tempo já lá vai... nem penses em voltar a cair na teia desse gajo..." - pensou enquanto se levantava e dirigia à cozinha à procura do Kiko.
- Bichano, onde estás Kiko?
Kiko surge logo por trás da dona, vindo do quarto onde dormira a noite toda. Com o seu ar altivo escapa-se sorrateiramente a uma carícia da dona e dirige-se ao pratinho da comida que estava vazio.
- Ohhh, a dona é má... vamos lá abrir uma latinha "pro" Kiko. - diz Sofia baixando-se e fazendo umas festinhas no dorso do seu amigo.
Depois do pequeno-almoço e de um bom banho Sofia sentia-se enérgica e pronta para enfrentar Filipe. Aliás, sentia uma certa ansiedade em voltar a vê-lo. Já há mais de dez anos que não se viam e estava curiosa por saber se aquele homem ainda a faria vibrar como antes, se ainda a faria ficar com as pernas a tremer e sem fôlego como acontecia sempre que se beijavam ou sempre que recebia uma mensagem dele com apenas uma palavra "Quero-te".
Dez da manhã foi quando ganhou coragem para lhe mandar uma mensagem: "Olá! Podemos encontrar-nos? Gostava de conhecer a tua família! Beijos. Sofia".
Agora só lhe restava esperar pela resposta mas Sofia sentia-se nervosa com este possível encontro. Iria conhecer a mulher e os filhos... Iria rever o único homem com quem queria ter continuado a partilhar uma cama. Com quem partilhara o seu corpo, a sua mente, as suas fantasias, as suas loucuras... O que iria sentir quando estivesse de novo ao pé dele?
"Nunca mais responde..." - pensou ansiosa.
Entretanto mandou também uma mensagem à sua irmã "Espero que tenha corrido bem o jantar. Chegaste muito tarde a casa? Beijinhos" e assim,  ficou à espera de duas mensagens. Ligou a televisão mas não prestou atenção ao que estava no écran, pois não conseguia desligar-se do écran do telemóvel.
Cerca de 2 minutos depois Filipe respondeu "Olá Sofia! Nem sabes como fiquei feliz com a tua mensagem. Estou no parque da Paz com os miúdos... vem cá ter! Podes?"
Sofia voltou a sentir as borboletas que há uns anos pareciam ter emigrado do seu estômago... Parque da Paz... foram muito felizes nesse local. E enquanto a sua mente vagueava por esse parque magnífico da cidade de Almada mas numa outra data, o telemóvel vibrou com outra mensagem do surfista: "Quero-te..."
Ao ler esta última mensagem Sofia quase que levantou voo graças às borboletas que ficaram doidas... e no seu baixo-ventre voltou a sentir a excitação que sentia de cada vez que ia ao encontro daquele loiro de olhos azuis...

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