1 de janeiro de 2017

Mais uma mensagem XVI

Havia um mundo de  conversas para pôr em dia... Sofia e Filipe tinham muito que falar, precisavam esclarecer tudo e quem sabe fazer planos para o futuro.
Resolveram sair juntos nessa noite. Iriam jantar a qualquer lado e talvez beber um copo num barzinho recatado e calmo onde pudessem estar à vontade para conversarem e matarem saudades um do outro. O Miguel e a Madalena ficariam a dormir em casa da tia, mãe da Carlota, a principal culpada por se terem conhecido. Os miúdos gostaram de Sofia e queriam ter ido com eles... A inocência da tenra idade não lhes permitia compreender a importância daquele momento para os dois adultos. Poderia ser o virar de página, o iniciar de um novo capítulo nas vidas de todos eles. Acabaram por ficar bem, depois de Sofia lhes prometer que iriam conhecer, no dia seguinte, o Kiko.
Filipe ouvira falar na renovada rua em Cacilhas, Cândido dos Reis e pediu a Sofia para lá irem jantar.
- E que tal se repetíssemos a nossa primeira refeição juntos. Lembras-te? Comemos pizza? - inquiriu divertida.
- Como é que me poderia ter esquecido...? Foi aí que tudo começou. E também me lembro do balde de água fria quando chegámos à tua casa e estava lá a tua irmã.
Riram-se os dois à gargalhada ao lembrarem-se desse momento tão embaraçoso mas divertido.
- Vamos então para Cacilhas. Vais conhecer a Máfia das Pizzas, onde se come muito bem! O ambiente e atendimento são 5 estrelas. E estaremos à vontade para conversar...
Sofia olhou para Filipe com carinho... Não parecia que tinham estado afastados tantos anos. Pior que isso era pensar como é que conseguiu viver tanto tempo sem o procurar, o que durante alguns anos foi a sua obsessão, procurava-o apenas para umas horas de amor e sexo num qualquer motel ou pensão. Tinha sido uma relação estranha, da qual não se orgulhava, daí nunca ter contado a ninguém que tinha sido a amante do homem que ela queria para seu marido, mas que ele apenas a considerava como a segunda escolha.
Dirigiam-se para Cacilhas no carro do Filipe, um Nissan Qashqai cinzento, em silêncio. Sofia recordou-se dos bons momentos que passaram na carrinha pão de forma... Na rádio tocava The Sound of Silence dos Disturbed.
Filipe procurou, com a sua mão direita, a mão de Sofia e ambas entrelaçaram-se como não acontecia há muito. Ambos os corações bateram mais rápido, como que a avisar os seus donos que vinha aí um momento tenso...
Pegou na mão dela levou-a até aos seus lábios e deu-lhe um beijo, fazendo Sofia estremecer e fechar, momentaneamente, os olhos
- Desculpa - disse ele - Desculpa pelos anos todos que não te soube dar o valor que merecias... Desculpa por não ter percebido o quanto te fiz sofrer.
Sofia ficou em silêncio e soltou a sua mão da dele voltando a colocá-la na sua própria perna.
- Eu voltei após estes anos todos para te pedir perdão, Sofia... - Filipe estava ansioso e conduzia a 20km à hora para poder olhar bem para Sofia. Continuava linda, continuava a ser a miúda quente e sensual que Filipe tanto amara sem saber. Era amor o que tinha sentido por ela... e continuava a sentir!
- Filipe tu não imaginas o que eu passei... - disse Sofia virando-se no banco do carro para poder vê-lo, olhá- lo nos olhos azuis que pareciam conseguir ler-lhe o que estava escrito no coração. - Achas que eu gostava da vida que tínhamos? Achas que eu era feliz ao saber que vivias com outra pessoa... quando tudo o que eu queria era...- Voltando a olhar para a estrada-  Eu queria que fosses só meu! Não é fácil desculpar-te... esquecer tudo o que se passou. -rematou Sofia com um nó na garganta e com a voz alterada prestes a chorar.
- Eu sei minha querida... agora eu sei... - voltou a pegar na mão de Sofia -  Quando te perdi... quando te afastaste e pediste para não te procurar mais, foi quando eu vi que era a ti que eu amava. Também sofri muito, mas principalmente sofri por te ter feito sofrer. Amava-te e não sabia que te amava... pensava que era só tesão e paixão...
- Filipe... e porque só me procuraste agora? - Sofia continuava confusa com tudo o que ouvia. - Casaste com a Patrícia? Ela é a mãe dos teus filhos? Onde é que ela está?
Após estas perguntas um carregado silêncio ecoou no carro... Estavam a chegar a Cacilhas e Filipe procurava estacionamento.
- Conto-te tudo à mesa do restaurante, pode ser?

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